tag:blogger.com,1999:blog-83809957218783572082024-03-21T16:57:13.125+01:00Mima PumpkinMimahttp://www.blogger.com/profile/15857813437813520507noreply@blogger.comBlogger99125tag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-90505619083030901182013-02-07T10:47:00.001+01:002013-02-27T22:33:12.126+01:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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Atualizem seus favoritos com o novo endereço:</div>
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<a href="http://www.mimapumpkin.com/"><span style="font-size: x-large;">www.mimapumpkin.com</span></a></div>
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Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-49409049953671860582012-12-20T16:58:00.001+01:002012-12-21T13:15:16.865+01:00Sobre leituras<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: left;"><div style="text-align: right;">Por <b style="font-style: italic;">Mimi</b></div></div><div style="text-align: left;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-osP9o0Bo9lI/UNMyWIUA2JI/AAAAAAAABmA/Ob3e_eMVC64/s1600/mimiperfil.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 7em;"><img border="0" height="111" src="http://4.bp.blogspot.com/-osP9o0Bo9lI/UNMyWIUA2JI/AAAAAAAABmA/Ob3e_eMVC64/s200/mimiperfil.png" width="150" /></a></div></div>Nessa semana, fazendo a faxina de Natal, aproveitei que estava tirando os livros da estante pra limpar e fiz uma foto dos livros que li esse ano.<br />
<br />
Aqui está uma parte das minhas leituras (li outro tanto no Kindle — contei 19). <br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://instagram.com/p/TdJWE1JEet/" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="512" src="http://2.bp.blogspot.com/-JfZ5Ry3pa4Q/UNM0xZ9cT-I/AAAAAAAABmo/J-w02NTJqKU/s640/livrosmimi.jpg" width="512" /></a></div><br />
Esse ano eu me dediquei muito mais aos livros do que nos anos passados. E é um hábito tão gostoso, que pra 2013 quero ultrapassar a quantidade de livros lidos esse ano.<br />
<strong><span data-mce-mark="1" style="text-decoration: underline;">E vocês</span></strong>, estão acima ou abaixo da média de um livro por mês/12 livros por ano?<br />
<br />
<b>Editado</b>: Como pediram nos comentários, esses são os livros que eu li no Kindle. E eu não posso deixar de fazer uma menção honrosa a esse aparelhinho que foi um divisor de águas na minha vida literária. Antes dele eu não lia em inglês, porque tinha um vocabulário bem precário e cá pra nós, ler um livro e folhear um dicionário ao mesmo tempo só funciona nas vinte primeiras palavras, a não ser que você tenha um caso raro de persistência.<br />
Aí ganhei um Kindle, a consulta ao dicionário se tornou muito mais cômoda e de lá pra cá não parei mais.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizVPEQduS0m2nPQMEsoLyWyjy8wdy-6xrSR1KAYmH8WraDUp_GbG2scxPHeH5iLHeso9it0ZT9MPoVxCydHZoW_HRgMFe9BYS7ykuOX-jloMlhr0skK3G5yI2WN4FnDBu6Rs1DKHTQVDFD/s1600/Untitled-1+(1).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizVPEQduS0m2nPQMEsoLyWyjy8wdy-6xrSR1KAYmH8WraDUp_GbG2scxPHeH5iLHeso9it0ZT9MPoVxCydHZoW_HRgMFe9BYS7ykuOX-jloMlhr0skK3G5yI2WN4FnDBu6Rs1DKHTQVDFD/s640/Untitled-1+(1).jpg" width="512" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Livros por ordem de leitura: do mais recente ao lido há mais tempo</td></tr>
</tbody></table><div><br />
</div><br />
_______________________________________<br />
<br />
Olá, pessoas! Aqui é a Mimi postando. Mas quem é a Mimi? Eu costumo contribuir nos bastidores do blog, mas não sou tão estranha assim a um leitor mais atento, pois apareço de vez em quando nos comentários e até já falei com vocês, em vídeo, contando como foi a <a href="http://mima-pumpkin.blogspot.de/2012/10/vlog-3-feira-do-livro-de-frankfurt-lya.html">Feira de Livros de Frankfur</a>t junto com a Mima. E pra que essa (mini) apresentação não fique maior que o próprio post, fica aqui meu olááá e o lembrete da possibilidade de vocês me verem eventualmente por aqui. Até mais!</div></div>Mimihttp://www.blogger.com/profile/00797744774540400272noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-42401174765096063582012-12-04T16:00:00.000+01:002012-12-04T16:50:05.207+01:00Um novo início a qualquer momento<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Uma lareira não aquece sem fogo, especialmente, quando não tem lenha.<br />
<br />
Mas não há homens na casa para cortá-la e provavelmente nunca mais haverá.<br />
<br />
Ela olha pela janela e vê as folhas apodrecidas acumuladas no chão, sinal derradeiro do inverno que se aproxima. A casa de madeira que seus sogros construíram mal será capaz de conter o frio. E aquela sala com móveis rústicos esporádicos não é um abrigo apropriado para o luto. A despensa só tem mais algumas latas de ensopado de feijão e milho. Logo. A morte vem breve para<i> todos</i>.<br />
<br />
As mãos estendidas em vão para a lareira vazia são enfiadas no bolso do cardigã verde-musgo. A onda de lembranças e dores se encaminha do coração para os olhos, mas ela a interrompe bem ali no meio do esôfago. Não, agora não é hora de choro. É hora de luta.<br />
<br />
Ela solta o cabelo loiro do coque desalinhado e tenta firmá-lo num arranjo mais prático. Apalpa as pálpebras para se certificar de que nenhuma lágrima teimosa escapou e deixa descansar as mãos ali por apenas um segundo. Seu rosto, apesar de tudo, está quente. As bochechas provavelmente rosadas. Mas, não importa. Não há ninguém ali para admirá-las. Então deixa pender os braços ao seu lado e abre e fecha os punhos para reativar a circulação. E com o canto dos olhos divisa a ferramenta para sua missão.<br />
<br />
— Vá e pegue esse machado. — ordena a si mesma em voz alta.<br />
<br />
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-wcS_1ISqsNk/UL3cjQWn7yI/AAAAAAAABj0/Ve_3HyE0gfo/s1600/guerra.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-wcS_1ISqsNk/UL3cjQWn7yI/AAAAAAAABj0/Ve_3HyE0gfo/s320/guerra.png" width="320" /></a> Ultimamente vinha funcionando só assim: através de comandos. Abra os olhos. Levante da cama. Encha a tina de água e lave o rosto. Sobreviva.<br />
<br />
Parece um luxo sobreviver, com tanta gente morrendo lá fora. Mas, é um luxo a qual teria que se submeter. Não por vontade própria, mas por <i>ele</i> (ou ela). Que quer que fosse, em breve estaria lá.<br />
<br />
Mas, antes precisava pegar o machado.<br />
<br />
É pesado e áspero, especialmente no contato com mãos ressecadas pelo frio. Está fincado num toco de madeira, o último daquela pilha que ele tinha cortado antes de partir. A onda de lembranças e dor sobe um pouco mais, do meio do esôfago para a garganta, mas ela a libera num gemido grave e baixo quando faz força para soltar o machado. O esforço no corpo faminto a cega com uma visão do passado recente.<br />
<br />
— Não vou morrer como ele, prometo. — ele sussurrou sob o batente da porta.<br />
<br />
Já estava de uniforme, pronto para responder ao chamado para defender sua pátria. Não que tivesse opção. Em tempos como aquele nunca havia escolha, exceto entre a possivel morte nas mãos do inimigo e a morte certa nas mãos da nação. Daquela vez, observando seus olhos azul-celeste transbordando de medo e tristeza, ela tinha chorado mesmo, apesar de todos os alertas de sua mãe de que tinha que ser forte. É a sina da boa esposa: ser forte. Mas, aquele choro era acumulado por visões ainda mais antigas, do primeiro marido do qual já tinha sido enviuvada por causa da maldita guerra. Jurou na época que seu coração jamais se recuperaria. Mas, que outro destino havia para uma mulher senão amar e servir ao homem amado? Então nem um ano se passara e já havia se casado novamente. E não foram nem meses desde as núpcias, quando chegou a carta que tanto temiam. Ela já a conhecia. E junto com a carta, batidas fortes na porta de homens vestidos de uniformes e exibindo uma insígnia.<i> </i><br />
<i><br />
</i> <i>É o símbolo do nosso povo</i>, explicaram. <i>É a nossa esperança, nossa chance</i>, gritaram com vozes graves e roucas. Por que que sempre que falavam, mesmo coisas tão doces, cuspiam as palavras como um insulto? Declamações cheias de ódio e autoritarismo: <i>esperança para o nosso povo!</i> Esperança sempre deveria ser dita como uma melodia.<br />
<br />
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-7supVVx8m6A/UL3dYLr_cMI/AAAAAAAABj8/4_2kBP8Mnto/s1600/guerra2.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="238" src="http://1.bp.blogspot.com/-7supVVx8m6A/UL3dYLr_cMI/AAAAAAAABj8/4_2kBP8Mnto/s320/guerra2.png" width="320" /></a>— Não vou morrer, vou voltar. — ele a assegurou mais uma vez, acariciando suas bochechas rosadas.<br />
<br />
— Foi isso que o Franz disse… — murmurou entre lágrimas.<br />
<br />
— Ei! — ele ergueu o rosto dela com dois dedos e depois segurou seu rosto entre as mãos. Com um ímpeto de emoção romântica não usual, beijou-a uma última vez e disse: — Eu não sou o Franz. Sou um soldado! Nós vamos vencer essa guerra, você vai ver. Estarei aqui antes do Natal. — E sinalizando com o rosto a pilha de madeira no canto da sala, arriscou sorrindo: — Você nem vai ter a oportunidade de acender a lareira sozinha pela primeira vez.<br />
<br />
O estalar das paredes da casa a desperta para o presente novamente. Lembranças são um luxo e ela as está desperdiçando. Apoia o machado na mesa maciça, ajusta mais uma vez o cachecol de lã e abre de sopetão a porta, deixando a ventania cortante invadir o local. É hora de cortar lenha. Porque ele (ou ela) está chegando.<br />
<br />
— <i>Sobreviva</i>! — comandou.<br />
<br />
<br />
<br />
Era naquela tarde fria de tantos anos atrás que Margarete estava pensando ali deitada na cama de hospital. Hoje, nem comida, nem aquecimento, nem lembranças são um luxo. Pelo contrário: são tudo que ela tem de sobra. Sobreviveu a uma guerra, foi duas vezes viúva por causa dela e é mãe de um filho que nunca pôde conhecer o pai soldado. Ela olha com os olhos embaçados para o homenzarrão de cabelos grisalhos prostrado ao lado de sua cama. Como é possível que ele seja tão mais velho do que o pai na última vez que ela o viu? Ela fecha os olhos, descansa a cabeça no travesseiro, molha com a língua os lábios secos e frios e fica pensando na neve caindo lá fora. Não tem mais medo do frio. Uma moça simpática que só viveu em tempos de paz ajusta o termostato para ela.<br />
<br />
— Está quente o suficiente, Frau Schneider?<br />
<br />
É só o clique de um botão e uma conta de luz no final do mês para assegurar o calor. Que tempos fantásticos são esses! E ainda a recriminam se mesmo agora tem vontade de viver. Sim, não são todos que chegam até os noventa e três e muito menos os que passaram por todas as experiências dela. Mas, a morte chega breve para todos.<br />
<br />
Ela deixa as lágrimas rolarem, porque, dessa vez, não precisa ser forte. Já foi forte o suficiente. Foi na força dos próprios braços que construiu a casa onde viveu, a maior parte do tempo sozinha, pelos últimos setenta anos.<br />
<i><br />
</i> <i>Sozinha</i>? O quarto do hospital está repleto de flores, presentes e cartões carinhosos. <i>Sobreviva</i>, é o pedido súplice do vizinho, da amiga, da nora, do pastor, da neta, da enfermeira, do médico. <i>Sobreviva</i>. Não é por falta de tentativa, ela confessa para si mesma, sacudindo o rosto. Mas, adianta reconfortá-los com palavras vazias? “<i>Não vou morrer, vou voltar</i>”? Isso não torna apenas maior o choque da notícia temida?<br />
<br />
Agora ou depois, a morte vem breve para todos.<br />
<br />
— <i>Mutter, geht’s dir gut</i>?<br />
<br />
Ela ouve a voz preocupada e gentil do filho idoso e nem tenta entender o significado das palavras. Ela quer ficar sozinha, acha que diz. Mais tarde ele pode trazer as bisnetas para vê-la, se ainda estiver por aí. Mas, antes dele sair, pede mais de uma vez para verificar se a porta está bem trancada. São tempos fantásticos, no entanto, a guerra ainda a assombra. Mas, de repente, o pensamento a assalta: a guerra finalmente acabou. E lágrimas felizes surgem no lugar das tristes, junto com uma esperança melodiosa. Seu corpo frágil começa a tremer, um arrepio percorre seu corpo, mesmo com o aquecimento zumbindo no máximo. <i>Vá, volte para sua família, filho</i>. <i>Proteja-se</i>, ela suspira.<br />
<i><br />
</i> <i>Porque a morte vem breve para todos</i>… e sorri de olhos fechados …<i>graças a Deus</i>.<br />
<br />
<br />
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~<br />
<i style="background-color: #cccccc;"><b>Sobre esse post</b></i><br />
Essa história foi inspirada na minha querida vizinha Margarete. Ela mora sozinha no andar de baixo desta casa que ela mesma construiu quando mudou para cá no final da guerra. Ela me explicou que não sabia como construir uma casa, mas como não tinha homens por aqui, não tinha escolha, mesmo quando não tinha forças, pois senão não teria lugar para morar.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<img border="0" height="238" src="http://3.bp.blogspot.com/-S0zyZu7dUy8/UL4O38zTvuI/AAAAAAAABkk/d78QR72SRXI/s320/margarete.png" width="320" /></div>
</div>
<br />
Margarete é extremamente lúcida e doce, mesmo que, em algumas ocasiões, um tanto ranzinza, com paranóias a respeito de possíveis arrombamentos de porta e bicicletas roubadas na nossa cidadezinha tranquila. Ela ainda acha que Cheetos é uma “boa refeição” porque tem bastante calorias a um preço tão barato e sempre recomenda para nós. Então, é meio difícil entrar na mente dela e entender o que é ter vivido o que viveu até os noventa e três anos de idade, mesmo quando ela conta sem reservas suas histórias e a de outros, piores ainda. Mesmo porque não parece guardar amargura alguma. Como é possível? Como não se ressente do único filho morar na Suíça, dos americanos terem matado seus maridos e seu corpo estar tão deformado e cheio de dores?<br />
<br />
Eu não sei. Mas, sempre que a visitamos, sorri como se tivesse recebido um presente. Adora crianças e dá chocolates demais quando vê uma. Se tímidas ou extrovertidas, sempre as relembra e diz com um sorriso maroto: “Que tesouro precioso!” Ela também lembra do aniversário de todo mundo. Parece tão interessada na vida de cada um. Pede um abraço na hora da nossa saída, se assegura mais uma vez de que vamos continuar sendo seus vizinhos durante os próximos anos e diz mais de uma vez para que oremos por ela assim como ela tem orado por nós. Sempre dizemos que sim, mas, tristemente, muitas vezes esquecemos de fazê-lo.<br />
<br />
Certa vez, meu marido estava passando pelo corredor em frente ao seu apartamento e a ouviu conversando com alguém. Ele estava prestes a bater na porta para perguntar se ela precisava de alguma coisa, quando ouviu melhor a conversa e se deu conta que estava falando com Deus ali, em voz alta, sozinha no apartamento. Fé e esperança que não diminuem com o tempo.<br />
<br />
Foi na noite deste sábado passado que ouvimos um barulho forte de alguma coisa caindo e depois seus gemidos. Corremos até o andar de baixo e a encontramos no chão. Tinha tropeçado no degrau do banheiro. Não conseguiríamos levantá-la sozinhos, mas, por sorte, era a hora exata da chegada da enfermeira que vem trocar suas meias. Juntos conseguimos movê-la e levá-la até a cama. Ela disse que estava bem, apenas tonta e com um pouco de dores. De madrugada, ouvi o barulho do chamado de emergência e a ambulância chegando. Está há dois dias no hospital, com uma fratura complicada e médicos confusos a respeito do que fazer com ela. Cirurgia é meio arriscado a essa altura.<br />
<br />
Eu não quero que a Margarete se vá ainda. Todos dizem, quando conto esta história, que ela está velhinha e esta talvez seja a sua hora. A maior parte sequer demonstra compaixão ou pena, apenas sacode os ombros do tipo “Nossa, ela ainda está viva?”<br />
<br />
Sim, todos morremos um dia. Uns mais cedo, outros mais tarde e ela já viveu mais do que muitos esperariam. Mas, todos têm mães e avós que gostariam de manter para sempre no mundo. E ela é isso e mais para muita gente. Além de tudo, tenho certeza que não é a idade que determina se temos o direito de continuar vivos ou não. Ou é?<br />
<br />
Estou sentada numa sala, obra das mãos da Margarete, e é difícil imaginar que um dia ela já foi tão jovem. Mas, foi mais jovem do que eu que passou por seus piores pesadelos e sobreviveu.<br />
<br />
Obrigada, Margarete, por esse presente. O que quer que aconteça agora, que você tenha paz.<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="allowfullscreen" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/CK1NW1jBBNc?rel=0" width="560"></iframe><br />
<br />
<i>Existe amor incondicional</i><br />
<i>Que tudo suporta e nunca acaba</i><br />
<i>E esperança inabalável</i><br />
<i>Que suporta toda provação do tempo.</i><br />
<i>Existe uma luz que nos mostra o caminho</i><br />
<i>Mesmo que não possamos enxergar a tudo</i><br />
<i>Existe a certeza da nossa fé</i><br />
<i>Mesmo que não compreendamos tudo.</i><br />
<i><br />
</i> <i>Existe reconciliação mesmo para inimigos</i><br />
<i>E paz verdadeira depois da luta,</i><br />
<i>Perdão para os piores pecados,</i><br />
<i>Um novo início a qualquer momento.</i><br />
<i>Existe um reinado eterno de paz,</i><br />
<i>Em nosso meio já está:</i><br />
<i>Um pedaço do Céu aqui na Terra,</i><br />
<i>Em Jesus Cristo, Filho de Deus.</i><br />
<i><br />
</i> <i>Ele é o centro da História,</i><br />
<i>Ele é a âncora no Tempo.</i><br />
<i>Ele é a origem de toda a vida</i><br />
<i>E nosso destino na eternidade.</i><br />
<i>E nosso destino na eternidade.</i><br />
<i><br />
</i> <i>Existe cura maravilhosa,</i><br />
<i>A última salvação na necessidade.</i><br />
<i>Existe consolo na dor e no sofrimento,</i><br />
<i>Vida eterna após a morte.</i><br />
<i>Existe justiça para todos,</i><br />
<i>Por nossa fidelidade uma recompensa para sempre.</i><br />
<i>Existem bodas que duram eternamente</i><br />
<i>Com Jesus Cristo, Filho de Deus.</i><br />
<i><br />
</i> <i>Ele é o centro da História,</i><br />
<i>Ele é a âncora no Tempo.</i><br />
<i>Ele é a origem de toda a vida</i><br />
<i>E nosso destino na eternidade.</i><br />
<i>E nosso destino na eternidade.</i></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-61757271844185962292012-11-23T17:22:00.004+01:002012-11-23T17:22:59.752+01:00Por que nascemos?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div style="text-align: right;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-9RSGzz1Tomw/UK-iodiodMI/AAAAAAAABiQ/-CDLm79Ldes/s1600/porquenascemos.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-9RSGzz1Tomw/UK-iodiodMI/AAAAAAAABiQ/-CDLm79Ldes/s1600/porquenascemos.png" /></a></div>
<br />
<br />
Ela estava afundando.<br />
— Não esqueça de tomar a pílula… — repetia sua voz em algum lugar da mente, reverberando nas cavidades da face como se fosse som de verdade. — Não pode esquecer… não esqueça… — o rosto foi pendendo, os braços moles se recusando a alcançar a cabeceira, a mandíbula folgando preguiçosa. Logo já estava num sono profundo. Um sono muito profundo.<br />
Um sono profundo, como o de Adão, quando Deus lhe retirou a costela para gerar a Eva.<br />
O sono profundo de Abraão, quando Deus firmou com ele uma promessa.<br />
O sono profundo de José, quando viu a escadaria que levava ao céu, populosa de anjos subindo e descendo até a Terra.<br />
O sono profundo dos justos, pelos quais Deus trabalha enquanto dormem.<br />
O sono profundo dela para gerá-lo, sua promessa, seu anjo, o trabalho bem-realizado de Deus.<br />
Contra todas as possibilidades, contra todos os ‘cuidados’, ele foi a vida que encontrou um caminho. O escolhido.<br />
Às vezes ela imaginava que Deus devia pré-fabricar as almas para depois as encomendar como o treinador de um time:<br />
— Vai para o aquecimento que você já vai entrar.<br />
— Sério, Deus? É minha vez? — a alma nova reluziria de empolgação ante a possibilidade de experimentar a vida na Terra pela primeira e única vez.<br />
— É sua chance, garoto. Vai lá transformar aquela família.<br />
A alma nova olharia para o casal lá embaixo, ocupado e cheio de planos, levantaria uma sombrancelha e duvidaria.<br />
— Deus, sem querer questionar, mas não me parece que eles estão esperando um filho não.<br />
Deus havia de sorrir, cruzar os braços e dar uma piscadinha.<br />
— É, mas não se preocupe. Vai lá que eles estão precisando de você.<br />
O rapaz já estaria dando pulinhos, alongando o pescoço, sacudindo os braços, feliz, pronto para revolucionar o mundo. Antes de mergulhar na vida, Deus o seguraria pelo ombro e daria mais uma dica:<br />
— E se a coisa ficar feia, lembre-se: já, já você está de volta. Não dura muito.<br />
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-fWOQGX4YSmI/UK-a9B0sfRI/AAAAAAAABg4/fwxg9s8EYmY/s1600/sonoprofundo.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-fWOQGX4YSmI/UK-a9B0sfRI/AAAAAAAABg4/fwxg9s8EYmY/s1600/sonoprofundo.png" /></a>Eles se abraçariam forte por uma última vez em algum tempo, tentando matar a saudade física antecipada e registrar nele o prazer da eternidade antes do trauma de nascer.<br />
E Ele a faz cair num sono profundo além da consciência e da lembrança. Foi o momento em que se encontraram entre o aqui e o lá da escada e o pequeno se tornou, tão temporariamente, seu.<br />
Quando seu esposo veio até a cama, a encontrou roncando meio sentada, com a cabeça caída e, no colo, um livro. Ele sorriu e sacudiu a cabeça enquanto afofou o travesseiro, endireitou as cobertas, colocou o livro na cabeceira e desligou a luz. Antes de adormecer, lembrou que precisava lembrá-la de alguma coisa importante, mas foi interrompido pelo balbuciar dela no sono:<br />
— Obrigada, Deus. Muito obrigada.<br />
E dormiu também.<br />
</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-79805646490371620382012-10-31T15:19:00.002+01:002012-10-31T15:48:12.778+01:00Até a lua<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img border="0" height="350" src="http://1.bp.blogspot.com/-N4qXpf7sFAY/UJEutguP77I/AAAAAAAABgQ/GDX8rK6W9RI/s640/atehaluarecortado.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="500" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;"><em style="background-color: white; font-family: arial, sans-serif; font-style: normal; line-height: 12.800000190734863px; text-align: left;">Crédito/foto: Mario Sorrenti</em><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; line-height: 12.800000190734863px; text-align: left;"> - </span><em style="background-color: white; font-family: arial, sans-serif; font-style: normal; line-height: 12.800000190734863px; text-align: left;">Jil Sander</em></span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
— Eu te amo mais do que tudo. — ela sorriu, comprimindo as pálpebras em dois pequenos riscos inchados, vermelhos e molhados, quase que escondendo totalmente as íris de seus olhos. — Soa tão estúpido, falando assim agora. Coisa que se ouve em filme. — riu uma risada rouca, engasgada, até tossir.<br />
<br />
— Eu também te amo. — concedi graciosamente. Passo a passo me aproximava dela, como alguém se aproxima de um animalzinho assustado. Meus olhos não se afastavam do metal.<br />
<br />
— Você não entende. — sorriu novamente, lágrimas e catarro empoçando na curva dos lábios esticados. Sorrisos demais para uma situação como essa. — E não é nem sua culpa. Você não pode fazer nada e eu não posso fazer nada, senão te amar mais. — E se moveu.<br />
<br />
A luz viaja mais rápido do que o som, mas os olhos possivelmente trabalham mais lentamente do que os ouvidos.<br />
<br />
A tentativa de harmonização entre essas duas afirmativas justificaria a falta de sincronia nas múltiplas versões deste momento em minha mente. Uma vez, a parede salpicada de cérebro e sangue e só depois o barulho ensurdecedor de uma explosão. Na outra, o clique do gatilho e, quase imediatamente, o tombo dramático de seu corpo, quase propositado, em meus braços. Seus olhos já vazios pela morte. Em outra ainda, apenas o cheiro de pólvora e sangue, antes do tiro, antes da decisão, antes do olhar de despedida que ela me lançou com sua última declaração de amor. E no final, um eco: será possível que, em algum momento, ela sussurrou “até a lua?”<br />
<br />
Ela nunca pôde aceitar. Eu nunca pude aceitar. Ficamos os dois de joelhos: ela tornando-se fria e rígida, eu ardendo de desespero, de culpa, de dúvida, de derrota, de vida (a minha) e morte (a dela) imerecidas. Os dois combinando nas manchas de seu sangue descarrilhado. Por que me amou assim? O que eu fiz, o que eu fiz que a aprisionou para sempre?<br />
<br />
Nenhum ser humano é digno de segurar em suas próprias mãos a força da vida de outrem. Deus, Deus, o que eu fiz? Balançando o corpo dela com o meu, gritei aos céus:<br />
<br />
— Me perdoe, por favor, me perdoe.<br />
<br />
———————————————————————————————<br />
<br />
Acho que ainda estava bêbado da noite anterior, porque a ressaca até o momento não chegara como esperado.<br />
<br />
Estava cambaleando pela rua, o sol ainda não tinha se levantado por inteiro, quando a vi pela primeira vez.<br />
<br />
Parecia nervosa, balançando o peso do corpo de um lado para o outro, e olhava diretamente para mim. Assim que cheguei à conclusão que a acharia bonita mesmo se estivesse sóbrio, me aproximei de mansinho.<br />
<br />
— Posso ajudá-la, senhora? — de uma forma que me pareceu respeitosa e, ao mesmo tempo, um flerte.<br />
<br />
— Você tem ideia do quanto eu me preocupei? — com uma voz exausta e derrotada. Vulnerável. Bom.<br />
<br />
— A senhora quer conversar a respeito? Tenho dois bons ombros para chorar. — sentia que, no fundo, não era uma boa hora para cantadas, mas saiu de mim sem que eu calculasse.<br />
<br />
— Você tá bêbado? — os olhos dela se abriram ao mesmo tempo horrorizados e irados.<br />
<br />
— Não…— menti, mas, percebendo que o álcool era uma boa desculpa para meu comportamento impertinente, confessei: — Talvez um pouquinho.<br />
<br />
Ela respirou fundo e suspirou de olhos fechados. Lágrimas começaram a rolar de seus olhos, escorrendo um fio preto de maquiagem nas bochechas pálidas. Meu papel era cômico, o dela era trágico. Por último, olhou ao redor e perguntou com a voz rouca:<br />
<br />
— Onde você deixou os meninos?<br />
<br />
Calculei que ela me vira no bar antes com os caras e o problema dela era com um deles. Aí a história mudou. Se ela era a mina de um dos meus amigos, ela era <i>off-limits</i>, o que, de certa forma, só a deixou mais atraente.<br />
<br />
— Sei lá, meu, foram para casa? Dormi aí, não sei onde tão.<br />
<br />
Os lábios dela tremeram e as lágrimas começaram a cair mais intensamente do que antes.<br />
<br />
— Fala que você tá brincando… — começou a gritar e partiu contra mim, esmurrando com toda força, não muita, meu peito. Perdi um pouco o equilíbrio e a agarrei com facilidade para impedi-la de tentar continuar a violência.<br />
<br />
— Ôrra, moça. Calma aê. — apertando meus braços ao redor dela. Os gritos foram esmorecendo e ela pareceu tomar a prevenção mais como um abraço, porque encostou a cabeça no meu ombro enquanto chorava.<br />
<br />
— Onde eles estão? Fala pra mim, onde eles tão? Por favor… por favor… — quase sussurrava. O comportamento era tão errático que só podia ser louca. Mas, algo nela era tão lastimável que não tive coragem de simplesmente deixá-la lá. E havia tanta intimidade na forma que se rendia totalmente a mim que eu mesmo me senti no meu pseudoconsolo, consolado.<br />
<br />
Olhando para trás agora, vejo que aquele foi o primeiro alerta. Devia ter ido embora, devia ter saído e nunca olhado para trás. Será que isso a manteria em vida?<br />
<br />
Quando consegui que se acalmasse, a convenci de me acompanhar até o bar onde poderíamos conversar. Eu a deixei no balcão para ir ao banheiro. Quando voltei, não estava mais lá.<br />
<br />
Só a vi dias depois e, então, estava sóbrio até demais. Quando ergui os olhos do meu computador, ela simplesmente estava ali em pé, como se sempre estivesse, na entrada do meu cubículo no serviço. Não sei como poderia ter me achado, pois nunca dissemos sequer nossos nomes um ao outro. Eu deveria ficar assustado, mas, desta vez, ela parecia quase controlada, embora ainda, no fundo dos olhos, ligeiramente perturbada. Era realmente linda, mesmo sem efeito do álcool, apesar de um pouco magra demais. A magreza era acentuada pelo vestido vários números grande demais para ela.<br />
<br />
Mas, toda sua aparência, parecia, de alguma forma, intencional: seria talvez uma nova moda? Nunca entendi mesmo de moda. Última vez que me preocupei com essas coisas foi quando me interessei por minha primeira namorada lá no colegial. E, mesmo então, meu conceito de moda era apenas lembrar que jeans rasgados eram, por qualquer motivo, mais estilosos que jeans normais.<br />
<br />
Por que deveria ter medo? Era pequena e vulnerável. O sorriso tímido e cansado. Ela só queria me ver, disse. Nem perguntei como me encontrara. Contra todo bom senso, convidei-a para tomar um café na lanchonete do prédio, depois do expediente.<br />
<br />
Eu era um cavalheiro. E ela era linda. Os lábios pareceram tremer por um segundo, antes de ela aceitar o convite e sorrir com os olhos caídos.<br />
<br />
Na lanchonete, não aceitou comer nada e, para não fazer feio, por um momento, cogitei fazer o mesmo. Mas, meu estômago roncou, então, ao invés disso pedi quase o menu inteiro. Ela ficou ali, só me observando comer, com os olhos tristes e, ao mesmo tempo, brilhantes. Eu me ocupei mastigando e a observando me observar. Finalmente, disparou:<br />
<br />
— Você nem sequer lembra de mim, não é?<br />
<br />
Terminei de mastigar, tomei um gole de suco para ajudar o hamburger a descer, antes de responder:<br />
<br />
— Você é a moça que desapareceu no bar naquele dia.<br />
<br />
Ela assentiu com a cabeça.<br />
<br />
— E antes disso? Aposto que nem lembra de sequer já ter me visto.<br />
<br />
Pego no flagra. Engasguei de leve e tentei disfarçar.<br />
<br />
— Lógico que lembro. Lá… — ergui um braço em direção a algum lugar imaginário que tentava inventar na hora. Concluí: — Você estava com os meninos. É, você estava com os meninos.<br />
<br />
Ela ergueu uma sobrancelha e piscou. Depois, balançou a cabeça.<br />
<br />
— Quando você fala ‘meninos’, de quem está falando? — perguntou. Eu ri. Ou ela tinha péssima memória ou estava brincando comigo.<br />
<br />
— Esqueceu tão rápido assim deles? Parecia bem preocupada da última vez. — provoquei.<br />
<br />
Os olhos dela se encheram de lágrimas, concluí que pela lembrança dolorosa. Se ela era namorada de um deles, provavelmente não deveríamos estar aqui conversando. Endireitei as costas e tentei tomar uma postura mais séria, mas ela esticou o braço na mesa e alcançou minha mão com a sua. Era tão quente e macia que não consegui recusar o toque. Sem pensar, entrelacei meus dedos nos seus. Parecia, de alguma forma, o certo a se fazer no momento.<br />
<br />
Ela sorriu com aquele sorriso triste que estava se tornando para mim tão familiar. Fiquei a imaginar como seria seu rosto se estivesse realmente feliz e cheguei à conclusão de que seria a criatura mais linda do universo. Cheguei até mesmo a pensar, sóbrio e alimentado como estava, de que seria capaz de fazer qualquer coisa para fazer com que isso acontecesse. O pensamento foi interrompido pela sua voz doce e quebrada:<br />
<br />
— Vem embora comigo. — implorou, os olhos embaciados e cheios de esperança, como uma criança.<br />
Pedi a conta, paguei e simplesmente a segui.<br />
<br />
__________________________________________________<br />
<br />
<br />
— Eu te amo mais do que tudo. — senti seu sussurro quente no ouvido antes de perceber que estava despertando. Ele se arrastou no lençol, afastando os cobertores aos pontapés, para aproximar o corpo do meu. Por último, passou o braço ao redor do meu corpo e o puxou para mais perto de si.<br />
<br />
— Eu te amo mais. — virei para ele e o beijei com cuidado para não espalhar mau hálito matutino. — Será que eles já acordaram? — semifalei, semibocejei sem querer no rosto dele.<br />
<br />
— Acabei de voltar de lá. Ainda estão dormindo.<br />
<br />
— Bom. Assim posso te curtir um pouco mais. — disse ao mesmo tempo me espreguiçando e sorrindo.<br />
<br />
— Feliz sete anos. — soltou de repente.<br />
<br />
— Não! Eu queria falar primeiro… — resmunguei brincando e mordi o lábio inferior, tentando ser provocante. Ele riu.<br />
<br />
— Perdão. Retiro o que disse. — num tom intencionalmente patético.<br />
<br />
— Feliz sete anos. — e beijei seus lábios com vontade.<br />
<br />
Como sete anos passaram rápido! E lento, ao mesmo tempo. Uma vida inteira—ou cinco, para ser exata—em um casamento. Minha nova vida com ele, a vida nova dele comigo e nossos três filhos. Em sete anos: seis números a mais no tamanho das calças, rugas onde nunca houveram e a primeira vez que precisei pintar meu cabelo. Em sete anos: intimidade mágica e grotesca, dependência, desejo, monotonia, tragédia, paixão, medo, velas, narizes escorrendo e fraldas sujas.<br />
<br />
Deus, como pode haver tanta história em sete anos? Minha vida é a dele, a dele é a minha, não existe mais linha que nos separe. Separação significaria destruição. Seríamos, afinal, capazes de, como sugeriu o rei Salomão, cortar nossos filhos ao meio? Nossos bens? Nossas almas?<br />
<br />
— Ah, estamos sob ataque! — eu o ouvi gritar divertido antes de sentir o corpinho de um dos pequenos pulando duro sobre o meu. Estava ficando pesado, ao mesmo tempo que ossudo. Os dois mais novos seguiram-no. — Ah! — gemeu debaixo de pulos dos pézinhos sobre nós.<br />
<br />
— Meninos, hoje é um dia muito especial. — ele anunciou, sentando-se na cama e acertando o do meio de leve com o travesseiro. — O que daremos de presente para a mamãe? — pulando da cama e jogando cobertores por cima de mim e do mais novo. O mais novo, por sua vez, se desvencilhou rapidamente e gritou:<br />
<br />
— Um foguete! — e saltou de novo sobre mim. Ri da criatividade. Criança tem cada uma.<br />
<br />
— Um foguete? — falei num tom agudo, afetando surpresa. — E o que vou fazer com um foguete? — consegui, não sei como, agarrar os três com um braço só e derrubá-los na cama. Assim que superaram o golpe um deles começou:<br />
<br />
— Viajar… — e o mais novo completou: — …até a lua!<br />
<br />
— Tá, tá, tá… — disse meu marido arrancando dois deles da cama e depositando-os em pé no chão. — Hoje à noite, a mamãe e eu vamos viajar até a lua, então vocês vão se comportar direitinho na casa da vovó, ouviram?<br />
<br />
O mais novo desceu com cuidado da cama sozinho e saiu correndo atrás dos dois que já estavam fora do quarto gritando e fazendo planos animados sobre o que fazer na casa da vovó.<br />
<br />
— Hm… — murmurei, assim que verifiquei que estávamos sozinhos, me agarrando no lençol e deixando sensações de arrepios e calor percorrerem o meu corpo. — ‘Até a lua’ soa promissor. — ri, tirando meu cabelo emaranhado do rosto. Ele se abaixou, se apoiando nos punhos fechados e me deu um beijo na testa:<br />
<br />
— ‘Até a lua’ tem seus perigos… — alertou, fingindo seriedade. Os cantos de sua boca sempre se inclinam pra baixo quando ele tenta não rir.<br />
<br />
— ‘Até a lua’ soa muito divertido… — eu disse, puxando-o pelos ombros para baixo. Venci e ele caiu em cima de mim desajeitadamente, tirando todo o meu fôlego por alguns segundos. Ele tentou rolar para o outro lado da cama e ambos começamos a rir muito. Finalmente, olhou para mim e perguntou lentamente, dessa vez, quase sério mesmo:<br />
<br />
— Tá feliz comigo? — tirando uma mecha de cabelo da frente do meu rosto.<br />
<br />
— Muito. — e sorri as borboletas que estavam borbulhando em mim.<br />
<br />
Ele sorriu exatamente da mesma forma. Parecia um espelho.<br />
<br />
<br />
No espelho, eu via o reflexo do sol se pôr na janela atrás de mim. O dia perfeito para uma ocasião perfeita. Ele saiu, dizendo que depois de deixar as crianças, ia comprar macarrão no nosso único mercado, do outro lado da cidade. Eu sabia que era mentira. Estava preparando alguma surpresa, como sempre. Além de tudo, era o momento ideal para que eu me preparasse para a nossa noite. Ou, como ele disse, ‘a viagem até a lua’. Sorri, enquanto passava lápis kajal preto ao redor dos olhos. Era mais maquiagem do que eu costumava usar desde que casamos, mas queria parecer de novo a menina atraente que ele conheceu. Escolhi um vestido que acentuava bem as curvas e que não costumava usar justamente por causa disso. Ele sempre elogiou minhas curvas, ou melhor, sempre não—desde que as adquiri, depois do nascimento do segundo filho. Dizia que eu tinha virado ‘<i>um mulherão</i>’. Ri. Que vergonha. Que ele dissesse isso no escuro, sob as cobertas, só com o tato para delinear meus contornos. Mas ele me ver assim, tão exposta, em público, seria algo totalmente novo.<br />
<br />
<i>Até a lua</i>, ele disse. Não conseguia parar de rir de empolgação e expectativa. Apertei os olhos e sussurrei:<br />
<br />
— Até a lua.<br />
<br />
<br />
O celular tocou, bem a tempo de me fazer evitar pensar pela primeira vez onde ele teria se metido.Olhei para o relógio e percebi que já devia, realmente, ter chegado há horas. Fiquei tão entretida com a arrumação—depilação, <i>babyliss</i> nos cabelos, fazer as unhas, maquiagem de capa de revista—que não me dei conta do horário.<br />
<br />
— Oi, mor. Está difícil de achar o macarrão? — brinquei. Provavelmente estaria comprando flores, chocolate, alguma joia que estivesse de olho há tempos ou tentando conseguir o mais novo livro da minha escritora favorita.<br />
<br />
— Me perdoe, por favor, me perdoe. — aos berros. O tom dele me deixou imediatamente apavorada.<br />
<br />
— Amor, o que aconteceu? O que aconteceu?! — a pausa que ele tomou para responder me encheu de terror.<br />
<br />
— Nada demais, calma. — parecendo, de repente, infinitamente mais calmo. — Minha mãe ligou. Um dos meninos está vomitando e chorando muito. Estou voltando para pegá-los.<br />
<br />
Suspirei aliviada. E decepcionada. Poderíamos comemorar outro dia, é claro. O importante é que todos estavam vivos, mesmo que um deles estivesse doente. Nossa viagem para a lua seria adiada indefinidamente. Isto é, até conseguirmos folga novamente e minha sogra estivesse disponível para cuidar dos meninos.<br />
<br />
Foi a última vez que ouvi dele.<br />
<br />
Passei a noite em claro, esperando, desesperando, decidindo o que fazer. Nem no celular dele, nem no da minha sogra, nem no telefone fixo dela obtive resposta.<br />
<br />
Naquele horário já não passariam mais ônibus para a cidade dela e o meu carro estava há semanas no conserto. Deveria ligar para hospitais? Para a polícia? Vai ver o carro quebrou. Vai ver foram assaltados e levaram os celulares. Será que sofreram um acidente? Lá para as 3 da manhã, decidi que precisava fazer alguma coisa e saí andando sozinha pela cidade, na esperança de avistar o carro ou ambulâncias ou sei lá. Na verdade, simplesmente não aguentava mais esperar sem fazer nada.<br />
<br />
Duas horas depois, eu o avistei caminhando devagarzinho numa esquina, parecendo atônito. Solucei um minichoro de alívio e sorri, mas logo a seguir fui dominada pela ira. Ele está vivo, o maldito que me deixou tão preocupada! Quando percebi que me viu, finquei minha posição de braços cruzados, esperando que se aproximasse para poder brigar. Ele não se movia. A demora me fez bem. Tentei me concentrar no alívio de encontrá-lo e não na revolta. Precisava me controlar. Precisava dele, precisava desabafar com meu melhor amigo. Quando finalmente se aproximou, a primeira coisa que ele disse, e em tom de brincadeira, foi:<br />
<br />
— Posso ajudá-la, senhora?<br />
<br />
<br />
———————————————————————————————<br />
<br />
Ele foi até o banheiro e me deixou esperando no balcão do bar. Não sabia ao certo se ele voltaria. Eu sabia que alguma coisa estava muito errada. A forma como me olhara. Lascivo e, ao mesmo tempo, como se nunca houvesse me visto. O vestido era bonito, mas não tanto para justificar essa reação. Não, era algo muito pior. Como se fosse outro homem, um desconhecido, um qualquer numa esquina. E bêbado! Ele nunca, nunca saía para beber. Não desde que casamos, ao menos. O que fez com as crianças? Ainda deviam estar na casa da minha sogra, é claro. Nem sequer saiu da cidade. Ficou bebendo… No dia do nosso aniversário de casamento. Depois de sete anos, você acha que conhece alguém tão bem que nada que ele possa fazer vai algum dia te surpreender. Bem, surpresa!<br />
<br />
Misturado à ira e decepção extremas que eu sentia, um pressentimento pavoroso percorreu meu corpo e me deixou fria e tremendo.<i> Ele não lembra de você</i>. O pensamento veio do nada, mas, de repente, se tornou tão óbvio. Era uma doença aquilo. Minha sogra tinha mencionado só uma vez o motivo pelo qual meu marido não conhecia o pai:<br />
<br />
— Ele se esqueceu de mim. — disse ela com um tom pesado de luto. Na época, pensei que estava falando num sentido figurado, que ele havia se desencantado, partido para outra, se entediado e ido embora. Só depois meu marido comentou de alguma doença mental da família, não sei ao certo. Não prestei muita atenção porque não gosto desses assuntos. Acho macabro.<br />
<br />
Sentada no banquinho, eu não conseguia parar de balançar uma das pernas. Algo estava muito errado, eu sabia. E ele estava demorando demais no banheiro. Em algum momento, me convenci que não voltaria e, olhando no relógio, percebi que em 10 minutos o primeiro ônibus para a cidade da minha sogra partiria da estação mais próxima. Num impulso, peguei minha bolsa e parti sem olhar para trás.<br />
<br />
<br />
Quando minha sogra me viu na porta de sua casa pareceu surpresa, mas não disse nada. Apenas escancarou a porta e acenou para que eu entrasse, sem fazer perguntas.<br />
<br />
— Os meninos estão bem? — perguntei, assim que trancou a porta atrás de mim.<br />
<br />
— Os meninos? — reagiu distraída. Esperei para que a pergunta fizesse sentido na mente dela porque às vezes ela era meio devagar. Meu marido dizia que era a idade. — Ah, os meninos! — bateu as palmas das mãos quando a ficha caiu. — Sim, estão muito bem. Na casa da Paula. — apontou na direção do fim da rua. — Você lembra da Paula. Vocês gostavam tanto de brincar juntas quando eram crianças. Pois, ela ainda mora lá.<br />
<br />
Não consegui mais me controlar e comecei a chorar. Ela pareceu se agitar com isso.<br />
<br />
— Seu filho não consegue se lembrar de mim. — funguei e ela empalideceu, mas permaneceu num silêncio incomodado, com tiques no rosto, como se quisesse falar alguma coisa e não sabia como. — Você disse que o pai dele foi embora porque se esqueceu.<br />
<br />
Ela suspirou e pareceu envelhecer muitos anos enquanto olhava para mim, como se me analisasse. Sentou-se com dificuldades no sofá e num tom solene começou:<br />
<br />
— Seu pai teve vários problemas. Às vezes inventava coisas que nunca aconteceram, às vezes esquecia tudo o que já tinha vivido. — ela deu de ombros e sorriu com os olhos caídos e brilhantes ao mesmo tempo. Depois de uma pausa, acrescentou: — Mas, sempre que eu pedia, voltava comigo para casa. — limpando a lente dos óculos. — Até o dia em que não voltou mais.<br />
<br />
Ouvir aquilo, como uma sentença profética para o meu próprio marido, parecia um pesadelo. Meu melhor amigo, minha alma gêmea! Era uma realidade difícil demais para aceitar, para suportar. Resolvi perguntar o que eu mais temia:<br />
<br />
— Algum dia ele voltou ao normal? Lembrou novamente da senhora?<br />
<br />
Ela baixou os olhos ao chão e falou quase inaudível:<br />
<br />
— Não.<br />
<br />
Era tudo que eu precisava saber. Levantei imediatamente para partir, mas ela me implorou que ficasse mais alguns dias, pois não sabia quando havia de me ver novamente. Estranhei o jeito dela, mas imaginei que talvez ela simplesmente conseguiu enxergar nos meus olhos o que eu estava disposta a fazer, se o que ela me disse fosse verdade. O que é que eu estava disposta a fazer? Aí que me dei conta do quão desesperada estava. A ideia de nossos filhos receberem o desapego clandestino de braços que não conseguiam evitar envolvê-los.<br />
<br />
A sanidade era só um fio, o fio que nos une e o fio que nos separa. Puxe uma pontinha, uma pontinha, e lá se vai desmanchando a cortina da minha vida… Pedaço a pedaço de lembrança num bocado de linha velha; o amor que compartilhamos, apenas um novelo. Foi aquele olhar de um estranho no rosto que tanto amei. A primeira beliscada. De repente, até nossos meninos, minha outra razão, pareceram desfiar e rasgar, de tão frágil e sem sentido que era qualquer memória sem o testemunha-chave da nossa existência. Insuportável viver, absurdo morrer; absurdo viver, morrer, então, imprescindível. Morrer, inevitável. Antes que o fio puxe a mim também. E essa é a única lógica que me domina.<br />
<br />
Sim, talvez a estadia dos meus filhos na casa da vovó fosse durar mais tempo do que esperavam. Resolvi que seria bom dar uns últimos dias de despedida para eles e para a minha sogra, assim como teria meus últimos dias de despedida ao lado do meu marido esquecido.<br />
<br />
————————————————————————————<br />
<br />
Ela me levou até um apartamento espaçoso e bem mobiliado. Falou para eu ficar à vontade, se quisesse poderia pendurar a jaqueta no hall de entrada e sumiu. Voltou se equilibrando em saltos altos com taças de vinho na mão. Depois de me entregar uma delas, ergueu a sua e brindou:<br />
— Até a lua.<br />
<br />
Acabamos por passar o final de semana inteiro juntos. Era loucura, da minha parte e da dela, mas tínhamos uma química que eu nunca tinha experimentado antes. Ela sempre com aquele jeito misterioso e melancólico, mas ao mesmo tempo apaixonado e feroz. Sorrisos sempre com olhos caídos que jamais se erguiam em felicidade completa. E eu bem que tentei. Tornei-me para ela o Don Juan, o herói dos sonhos, El Conquistador, o Marlon Brando, o Zorro. Beijei-lhe os pés, recitei-lhe sonetos e tentei dar-lhe prazer durante toda a noite. Éramos fantásticos: dois desconhecidos amantes, dois loucos apaixonados, duas chamas incandescentes na madrugada.<br />
<br />
Foi no domingo ao pôr-do-sol que a crise começou. Ela se olhava no espelho, de costas para mim, e vi que chorava. Sem me olhar, perguntou se eu a amava. Amor? A pergunta me parecia tão sem sentido. Mal nos conhecíamos. O que tinha o amor a ver com isso? Era aquela intensidade que ela tinha, aquela coisa escondida ardendo dentro de si que não me revelava totalmente. Então, não respondi com palavras. Apenas fitei o espelho por cima de seu ombro e esperei.<br />
<br />
E aí que aconteceu.<br />
<br />
Quando me viu a observá-la, socou o espelho na altura do meu reflexo e, enquanto ele se espatifava no chão, urrou:<br />
<br />
— Você esqueceu dos meninos! — e chorou amargamente.<br />
<br />
Corri para pegar uma toalha no banheiro porque sua mão sangrava muito com os estilhaços do vidro. Quando voltei, tinha um revólver na mão.<br />
<br />
— Calma… calma… não precisa disso. Fale o que está te incomodando… — fui rodeando devagar, tentando me aproximar da saída. Ela balbuciou algo inaudível e depois falou com a voz bem rouca:<br />
<br />
— Eu não vou te machucar. Pode ficar tranquilo. Isso é para mim. — balançando a arma e apontando sobre a têmpora direita.<br />
<br />
— Mas… — continuei e não soube como prosseguir. Não fazia sentido. Ela só podia ser louca. Ou—o que fiz?—teria sido enlouquecida por mim? Nos conhecíamos há tão pouco tempo. Que culpa eu poderia ter? — …Mas, por quê? — concluí a pergunta, sentindo-me estúpido.<br />
<br />
— Eu te amo mais do que tudo. — e sorriu tristemente.<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<br class="Apple-interchange-newline" />
<hr />
</div>
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<br />
<span style="background-color: #cccccc;"><b>Sobre <i>Até a Lua</i>:</b></span><br />
<br />
Esse é um texto fictício de 4.000 palavras sem nenhum valor moral agregado. É totalmente diferente do que já escrevi até aqui e fiquei até mesmo na dúvida sobre postar ou não postar, mesmo tendo criado esse blog justamente para experimentar novas possibilidades. Fiz uma enquete no Facebook e no Twitter e as respostas que recebi foram positivas. E, como quem cala, consente, aqui está o texto :) Quero muito saber o que acharam e o que entenderam, teorias, dúvidas etc. Obrigada pela atenção e divirtam-se!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-77172770539524102982012-10-25T15:27:00.000+02:002012-10-26T12:11:17.080+02:00Um ano, um momento<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-RHfRVzFm7fY/UIk9U_m0ZHI/AAAAAAAABec/GFQzIYf4e38/s1600/quadrinhoaomaximo.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="384" src="http://4.bp.blogspot.com/-RHfRVzFm7fY/UIk9U_m0ZHI/AAAAAAAABec/GFQzIYf4e38/s640/quadrinhoaomaximo.png" width="512" /></a></div>
<br />
Em A Origem (<i>Inception</i>, 2011) aprendemos uma técnica para descobrir se estamos em um sonho ou não: pergunte-se ‘como cheguei aqui?’ Se você não lembra, provavelmente está sonhando.<br />
<br />
Algumas lembranças minhas têm um aspecto de sonho.<br />
<br />
Não sei seus contextos exatos, como começaram ou como terminaram. Mas, esse único momento ficou.<br />
<br />
Um trecho quebrado de um vídeo, de um filme, rodado incansavelmente, reinterpretado e desgastado com a ação do tempo. E algumas frases parecem, de certa forma, representar todo um período.<br />
<br />
— Você precisa escolher um namorado. Como assim, não gosta de ninguém? Você precisa gostar. Todos os meninos querem te namorar. — coleguinha do Jardim II<br />
— Você até que é bonitinha de rosto, mas de corpo a Rafaela é mais. — um ginasial gorducho, quando eu e a Rafaela estávamos na alfabetização.<br />
— Como assim, não sabe o que é horóscopo? São aquelas figurinhas no jornal! — professora rindo muito na primeira série. (<i>Quadrinhos?</i>)<br />
— Essa sua Barbie não é da China nada. Mentirosa! Pintou o cabelo dela de ruivo para enganar a gente. Sua Barbie é daqui como todas as outras! — segunda série. (<i>Era da China mesmo… do camelô, de fato</i>)<br />
— Você não vai poder sair para o recreio, porque não parou um segundo de dar risada! — na terceira série, aprendendo, pela primeira vez, que rir é errado.<br />
— O que você quer?! — quarta série, reação de um menino quando quis mostrar a ele meu desenho dos Cavaleiros do Zodíaco.<br />
— Meu nome não é tia. Não sou velha o suficiente para isso. Vocês precisam me chamar de professora! — a transição repentina da quinta série.<br />
— Deixa eu ler essa porcaria que você escreveu para ver se você não está blasfemando contra Deus, já que não tem respeito com ninguém. — um professor de religião bem nervoso na sexta série.<br />
— Aberração de circo. Ha, ha, ha! — um repetente suado e cheio de espinhas na sétima.<br />
— A Juliana é a menina mais linda da classe. É a mais mulher. — o melhor amigo na oitava série.<br />
— Você tem tanto potencial. Ainda vai desabrochar. — o elogio doloroso de uma senhorinha bem-intencionada no primeiro ano do colegial.<br />
— Por que fica lendo esses livros? Não tem amigos? — segundo colegial.<br />
— É influência da Marilene, sem dúvida. — professoras concluindo que meu repentino mau desempenho no terceiro colegial era obra de uma menina com quem nunca falei. (<i>Na verdade, não queria me formar</i>)<br />
— Vocês são apenas números na máquina do jornalismo. Macacos fariam o trabalho de vocês. Esqueçam o romantismo de Clark Kent e Lois Lane. — primeiro ano da faculdade de jornalismo.<br />
— Vocês são muito jovens. Falta maturidade intelectual. — segundo ano da faculdade de jornalismo.<br />
— Estuda pelo menos mais esse ano, aí você decide o que quer. Não desiste ainda— terceiro ano de jornalismo.<br />
— Essa revista é uma obra-prima e essa sua matéria uma obra-primíssima. — banca do TCC.<br />
<br />
É assim que sei que não estou sonhando. Foram momentos como esses que me trouxeram até aqui.<br />
<br />
<br />
<span style="background-color: yellow;"><b><u>ATENÇÃO:</u> </b>Todos os personagens neste texto podem (ou não) ser fictícios. Qualquer semelhança a pessoas reais, vivas ou mortas, pode (ou não) ser meramente coincidência. </span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-18439483658296172832012-10-23T15:11:00.000+02:002013-01-07T20:49:46.106+01:00VLOG #3 Feira do livro de Frankfurt / Lya Luft / Erros de gravação<iframe width="640" height="360" src="http://www.youtube.com/embed/6-Ot9CgdECQ?rel=0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
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<br />
Fomos visitar a maior feira de livros do mundo, a feira de Frankfurt (já que moramos relativamente perto de lá), e resolvemos fazer um vídeo a respeito. Claramente não sabemos fazer isso, mas tentamos com muita boa vontade.<br />
<br />
Os últimos 2 minutos são erros de gravação. Eu e a Mimi (mais a respeito dela no vídeo) temos a tendência a rir de tudo quando estamos juntas. Observação: tem um monte de errinho bobo de edição. Perdão. Abraços, espero que gostem e tenham paciência conosco.<br />
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-53380487910767472522012-10-15T16:56:00.001+02:002012-10-15T16:56:34.403+02:00A idolatria da palavra e do espelho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-4WLulvOF2bc/UHwja0tDy_I/AAAAAAAABdw/mABZanLmQIU/s1600/idolatriapalavra.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-4WLulvOF2bc/UHwja0tDy_I/AAAAAAAABdw/mABZanLmQIU/s400/idolatriapalavra.png" width="400" /></a></div>
<br />
Quando eu era adolescente, não tinha coragem de usar coisas muito fofas ou valiosas que comprava e ganhava. Papéis de carta, bloquinhos, diários, agendas, joias, fronhas de seda, sapatos, cosméticos… o que fosse. Era com muito desgosto que, anos depois, descobria esquecido em alguma gaveta aquilo que guardara, com tanto carinho, amarelado pelo tempo, vencido, roído, esfarelado, envelhecido, amassado, estragado, inutilizável. Acho que é uma lição que todos eventualmente aprendemos na vida: nada dura. A tentativa de conservação é praticamente vã. É segurar água entre os dedos. Assim como o tempo.<br />
<br />
As vezes que mudei de cidade foram vezes que precisei aprender a deixar para trás: pessoas, bens materiais e coisas de valor sentimental. E a conseqüência transitiva de quem perde quase tudo algumas vezes é a tendência para um dos extremos: ou apega-se demais ao que vier a seguir (como a relação com a comida de quem passou fome) ou nunca mais se apega a nada. Ou, o mais comum talvez, uma manifestação das duas tendências em relação a diferentes objetos: não apegar-se mais a pessoas, mas apegar-se demais a posses.<br />
<br />
Tem até sua lógica. Não se pode ter controle sobre pessoas. Elas vêm e vão, elas amam, elas ferem brutalmente. Objetos estão mais ou menos sempre lá. São seus servos, seus lembretes, seu domínio, suas testemunhas. Há até quem queira ser enterrado com seus <i>mementos</i>. O Instagram vive povoado por fotos nostálgicas das mais recentes aquisições quase como forma de definição da própria identidade. E não é raro ver em redes sociais figurinhas com declarações anti-sociais, mas ainda assim <i>cool </i>do tipo: “Gosto mais de livros do que de pessoas”. Livros, então, são uma história à parte. Aí não se trata de materialismo e, sim, de universos. Histórias. Entretenimento. Compreensão da natureza humana. Mistérios desvendados. Emoções verdadeiras! Mesmo assim, quando vejo pessoas se declararem mais apegadas a livros do que a seres humanos, sinto vontade de desejar algo entre “melhoras” e “meus pêsames”. Pois, que triste é ser o maior especialista em natureza humana através de romances e ser incapaz de reconhecer na pessoa diante de você a história mais complexa e fantástica já escrita. Emocionar-se com um livro, mas não chorar por alguém?<br />
<br />
Esquecemos que só as pessoas têm a capacidade de ser eternas? Qual o sentido da palavra escrita se não para nos levar à ação, ao amor, a alcançar o próximo?<br />
<br />
Acho que muita gente, assim como eu era em relação a meus objetos fofos e valiosos, tem medo de usar… a si próprios. Somos valiosos demais para gastar. Precisamos nos conservar, a maior quantidade de tempo possível, jovens, saudáveis, intactos, lisos, puros, intocáveis. Mesmo sabendo que o envelhecimento, a perda, é inevitável. Afinal, por que esse medo de consumirmo-nos em amor, entregar-nos em sacrifício por outros, perder noites embelezadoras de sono e o conforto da segurança de quatro paredes? Queremos mesmo ser papéis de carta engavetados, esquecidos, corpos inutilizados, corações enrijecidos e uma alma enferrujada pela falta de uso? Quanto tempo mais de beleza e energia ganharemos com esse investimento tão árduo em nós mesmos? Fará diferença, no final?<br />
<br />
Se Deus quisesse apenas beleza, teria nos criado estátuas ou belas pinturas. Mas, criou-nos assim, capazes de exclamar “este, sim, é carne da minha carne e sangue do meu sangue”! Por cinco anos a mais sem rugas, deixei de amar? Pobre de mim. Pra viver sem olheiras, deixei de cuidar? Desperdício que fui. Por auto-preservação e auto-aprimoramento, amei apenas a arte, a cultura, os livros, fotografias, pinturas e esqueci os que estavam ao meu lado? Vergonha!<br />
<br />
Que ganhei com a admiração? Que ganhei com o conhecimento acumulado e guardado? Que ganhei em estar sempre na última moda?<br />
<br />
Quero ter as marcas da luta no final da batalha. “Vê, esta cicatriz? Fui ferida por amor. E esta ruga? Foi uma preocupação bem justificada. Estes cabelos brancos? A coroa de vitória de uma vida bem aproveitada. Não há nada novo em mim e essa é minha glória.” A mesma glória de um livro: enfim páginas amassadas e frágeis pelo uso excessivo e não apenas deixar de existir sem nunca ter sido lido.<br />
<br />
E se, no final de tudo, apenas por escrever palavras bonitas em um blog ou rede social, senti que cumpri meu dever e me der por satisfeita? Melhoras… ou melhor, meus pêsames.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-80276160633656185622012-10-09T15:17:00.004+02:002012-10-09T15:17:39.240+02:00Apenas um sorriso seu<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-fRPHYWR0608/UHQLJ71CrYI/AAAAAAAABaQ/v1nTYpZt48M/s1600/smile2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-fRPHYWR0608/UHQLJ71CrYI/AAAAAAAABaQ/v1nTYpZt48M/s1600/smile2.png" /></a></div>
<br />
Foi naquele romance adolescente que li o mocinho exclamar: “<b>As nuvens são o pó dos pés de Deus</b>”.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
A julgar pelo nosso céu nos últimos tempos, Deus tem andado a fazer muitas caminhadas.<br />
<br />
Talvez tenha mesmo acabado de passar por aqui. Quem sabe alguns minutos mais cedo e eu o teria visto com meus próprios olhos passeando, se afastando, abandonando essa cidade—para sempre? Minutos, fazendo a diferença de toda uma vida. Será? Isso explicaria, no entanto, essa saudade de não-sei-do-quê aqui dentro formigando, o pulsar no peito da dor de ‘podia, seria, queria’ sem origem e sem destino.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<a href="http://4.bp.blogspot.com/-UN0yJ3FBK8Y/UHQZWZbeqbI/AAAAAAAABbg/B7RejLxBSnU/s1600/erosaonamontanha.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="275" src="http://4.bp.blogspot.com/-UN0yJ3FBK8Y/UHQZWZbeqbI/AAAAAAAABbg/B7RejLxBSnU/s320/erosaonamontanha.png" width="320" /></a></div>
Deus passou e deixou para trás nuvens, um toque de perfume de chuva e o frio de todas as distâncias que já me afastei. São seus passos que escuto no vento ou—será?—apenas o lamento de que se foi o nosso, de toda existência, único motivo? Aqui ou ali, em algum lugar deve estar. Talvez fincando marcas nas montanhas, a deixar-nos todos boquiabertos com os caminhos da erosão, ou pulando nas poças d’água atlânticas e pacíficas, esbravejando ondas e dando sentido às correntes do mar. Minutos, minutos, e as abas de suas vestes me tocariam e eu seria sua.<br />
<br />
— Senhora, senhora—não queria incomodar—mas, por acaso, viu Deus passar? Ele esteve aqui… ou ali. Ou será que o pó foi apenas varrido para cá a fim de nos despistar?<br />
<br />
Está tão frio que logo começo a duvidar que o frio venha de fora. Há quanto tempo já estou morta? Mal termino de embaçar o vidro com a pergunta, meu coração dispara estilhaçando a teoria. Não, o frio é apenas a falta. E é uma deselegância toda essa poeira à minha volta, sem a glória da História para a justificar. Nesta época, nesta ausência, nem mesmo os passarinhos cantam, nem os insetos zumbem, nem meu espírito ama. Mas, apenas um sorriso seu, meu amor e minha razão, e novamente haveria razão. Talvez você possa me deixar lhe espiar, por um milésimo de segundo que seja, numa manhã escura de inverno, como um vizinho que ‘acidentalmente’ deixa as persianas abertas para que a alegria de sua reunião familiar particular seja completa. Um relance dos anjos, um vulto do poder criador que gerou todo o universo, uma sensação de beijo na alma e <i>eu</i> estaria completa. Mas, de que adianta o meu argumento? Que seja aqui ou ali, no alto de um monte ou nas profundezas oceânicas, já é tarde demais, já é longe, já é ontem, para eu o encontrar.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Meu suspiro fica na janela enquanto me afasto, mas, por qualquer atraso, a tempo de ver o brilho do sol vencendo as nuvens e tocando meu rosto com calor. Por apenas um milésimo de segundo.<br />
<br />
Obrigada, Deus. Obrigada.<br />
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<a href="http://4.bp.blogspot.com/-HkO7yOQs_5w/UHQfjgikk6I/AAAAAAAABco/ERlN-N3crDc/s1600/ummilesimodesegundo.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-HkO7yOQs_5w/UHQfjgikk6I/AAAAAAAABco/ERlN-N3crDc/s1600/ummilesimodesegundo.png" /></a></div>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-60966829065166536762012-10-05T20:12:00.000+02:002012-10-05T20:23:45.579+02:00"Para quê essa paixão?"O pregador sentiu as dores que um dia a todos alcançam quando lhes são dados anos suficientes. Ele sentiu o frio da morte nos lábios de uma pessoa amada. Ele viu homens que não sobreviveram a uma vida que foi vivida apenas para a sobrevivência. Ele viu amor que tornou-se traição que tornou-se ódio que tornou-se luto. Ele viu cores desbotarem, verões passarem, templos ruírem, jovens rostos engelharem-se. Ele tentou se agarrar ao tempo, mas o tempo lhe escapou entre os dedos.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-AzuA0285nsI/UG8gSUW6YqI/AAAAAAAABZc/EBI5Qn9pSI0/s1600/eclesiastes.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="375" src="http://3.bp.blogspot.com/-AzuA0285nsI/UG8gSUW6YqI/AAAAAAAABZc/EBI5Qn9pSI0/s400/eclesiastes.png" width="500" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
O pregador já foi romântico. O pregador já acreditou, como toda alma nova, que seria capaz de conquistar o tempo.<br />
<br />
Mas, agora o pregador carrega uma máquina enferrujada e defeituosa por corpo. O existir é penoso. Ele diz que está satisfeito de vida, “basta”, porque seu estômago não pode mais digeri-la.<br />
<br />
Mas, o pregador recebeu, então, uma dádiva que só a poucos é dada. Ele foi levado à perspectiva das nuvens, planando ao comando do vento sobre a superfície da Terra. Não havia dor, nem amarguras, nem decisões. Ele apenas existia, flutuava e observava.<br />
<br />
Do alto, viu o trabalho dos homens. As paixões. O sofrimento. A incapacidade de abrir mão. As injustiças. Os amores. As alegrias. Casamentos. Nascimentos. As conquistas. A riqueza. A pobreza. As doenças. A violência. O sacrifício de deixar e o de aceitar.<br />
<br />
Ele refletiu: “Que curioso, há tempo para tudo! Para colher e plantar…” Mas, enquanto pensava, o vento soprava e com ele as vidas passavam, como um sopro. Como um sopro. “É tudo vaidade”, pensou consigo mesmo. “Mundo, escute-me, é tudo em vão!”, começou ele a dizer, mas, antes de terminar, novamente o vento soprou. Tentou de novo, desta vez gritando bem rápido, antes que uma próxima geração passasse: “Tanto o seu trabalho árduo quanto o seu prazer, passa tudo tão rápido quanto um sopro!” Um sopro. “Eu tive tudo, <i>tudo</i>, e comigo agora não levo nada!” E o vento soprou, carregando consigo suas palavras, deixando-as ecoar pela eternidade.<br />
<br />
O mundo escutou todo o discurso do pregador e o ignorou, achando que era cinismo.<br />
<br />
Mas, era felicidade. Era pura liberdade.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-28957115947008666222012-10-01T17:16:00.002+02:002012-10-01T17:16:58.660+02:00Tentativa de VLOG #2Ainda não postei no blog o novo VLOG prometido para quando <a href="http://www.facebook.com/MimaPumpkin">Mima Pumpkin</a> tivesse 150 fãs. :) Espero que gostem! Dependendo da recepção, pode virar até um hábito ^^ Nada mais divertido que tagarelar sobre livros que gosto.<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="allowfullscreen" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/Ct9WPRXs0Dk?rel=0" width="560"></iframe>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-25029221288769442902012-09-30T19:21:00.003+02:002012-09-30T20:13:23.720+02:00Truques de belezaEra domingo de manhã, o que já diz tudo para quem conhece a massa da população europeia que se diz cristã.<br />
<br />
Estávamos na sala de reuniões, todos sonolentos, incomodados com o frio recém-chegado do outono nascente, uns barulhentos, outros bocejando, todos semisatisfeitos no automatismo do ritual matutino dominical: música americana animada, mãos erguidas ao alto, uma mensagem inspiradora do pastor, coleta das ofertas, rápidos apertos de mão, "a paz, como vão todos?" e bolo no final da reunião. Mas antes de tudo ouvimos um anúncio: Lisa gostaria de dar um testemunho.<br />
<br />
Já sabíamos o que esperar. Dignos do palanque e do microfone para testemunhar são pessoas saudáveis, lindas e felizes, verdadeiros exemplos do bem-estar do estilo de vida cristão. Super-heróis, de fato.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Vbj92I8B9nI/UGCmmsVq90I/AAAAAAAABWc/EBA4XYzrbrk/s1600/missamerica.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="234" src="http://2.bp.blogspot.com/-Vbj92I8B9nI/UGCmmsVq90I/AAAAAAAABWc/EBA4XYzrbrk/s320/missamerica.png" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
Mas Lisa era muito magra e muito baixa como uma versão reduzida, preservadas as proporções, de um adulto. O cabelo muito ralo e desordenado caía pela testa e emoldurava as grandes orelhas de abano. As bochechas caídas estavam coloridas por manchas irregulares de vermelho e roxo. Dentes tão grandes e deslocados que empurravam os lábios para frente. Sua voz começou a falar de forma tão fanhosa que mal podíamos, ou queríamos, entender uma palavra. O desconforto era geral.<br />
<br />
"Eu ia para outra cidade para uma consulta no médico"... ela fez pausa para a interpréte em inglês interpretá-la até para nós que falávamos alemão... "E, orando naquela manhã, Deus me disse: não tenha medo!..." A voz de Deus saindo dela esganiçada e mal-pronunciada. "E não tive."<br />
<br />
Não entendíamos totalmente, mas havia algo em Lisa que a transformava enquanto falava: seu rosto brilhava. Deveria tremer diante da multidão que escutava, mas exultava. E desafio qualquer um que estivesse naquele local a afirmar que Lisa, com sua alegria simples, sua coragem extraordinária e seus olhos esperançosos, não era a pessoa mais linda do salão.<br />
<br />
Lisa, depois soubemos pelo pastor, é portadora de uma séria doença no coração e estava programada para uma cirurgia naquela semana, da qual, possivelmente, não sairia viva. A cirurgia fora cancelada por tempo indeterminado. Os médicos decidiram que não seria necessária.<br />
<br />
Não conheço Lisa. Só sei que ela é linda. E percebi naquele momento que é tão barato ser bela. E não estou falando de beleza interior, estou falando de beleza que os olhos <i>podem</i> ver.<br />
<br />
Comecei a pensar em todos os momentos da minha vida em que vi pessoas que achei lindas. Tinha pouco a ver com maquiagem, postura ou autoconfiança. Vestidos não ganham corações, marcas de batom não encantam e ninguém se apaixona por seu estilo ser o da última moda.<br />
<br />
Fiz uma lista, para lembrar a mim mesma, do que realmente deixa uma pessoa linda. Quero pendurar no espelho para me preocupar mais com esses tratamentos de beleza do que com a minha roupa.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-17gOU5svUTQ/UGh9_VvdohI/AAAAAAAABXE/imYmYvZGp1E/s1600/voceehlinda2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-17gOU5svUTQ/UGh9_VvdohI/AAAAAAAABXE/imYmYvZGp1E/s1600/voceehlinda2.png" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
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Lembrando que a beleza sem essas qualidades tem data de validade. Já a beleza acompanhada delas nunca se vai. Não existe tratamento estético com melhor relação custo-benefício.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-39793654142025938052012-09-20T10:08:00.000+02:002012-09-20T10:42:45.014+02:00Não tenho palavras...<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-WW22HclDpig/UFq9Vw3O9TI/AAAAAAAABVM/gOhcbn-vuz4/s1600/poderdalingua3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="356" src="http://3.bp.blogspot.com/-WW22HclDpig/UFq9Vw3O9TI/AAAAAAAABVM/gOhcbn-vuz4/s640/poderdalingua3.jpg" width="500" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">(versículo<i> fora do contexto</i>)</td></tr>
</tbody></table>
<br />
A dor da criança que cresceu frequentando a igreja desde bebê é ter o vocabulário de João Ferreira de Almeida na ponta da língua, pronunciando sem querer verbetes como “ignomínia”, “opróbrio” e "escarnecedores", enquanto os outros da mesma idade ainda estão gaguejando “pudim de leite”. Que rubores me acometiam quando percebia que dissera alguma coisa imprópria para menores de 12 anos, algo como "a origem da concupiscência", "motivo para júbilo" e "raças de víbora".<br />
<br />
Deveras! Daí talvez o meu asco por palavras em desuso ou incomuns na boca do povo. Sim, às vezes, ainda quero espremer o dicionário pela palavra exata que expressa tão sucintamente o que, doutra forma, teria que escrever parágrafos inteiros para explicar. Mas, outras vezes, lembro o que a faculdade de jornalismo me ensinou logo nas primeiras lições: devo escrever de forma que a minha mãe (ou melhor, que a mãe do professor Gerson) entenda. Aí sinto vontade de jogar o dicionário fora (o que, de fato, acho que acidentalmente fiz, já que não tenho nenhum de português aqui em casa). É que nasci com a boca da minha mãe, o que significa que, exceto pelos raros regionalismos semi-extintos que ela propele vez por outra, o que sai da minha mente e coração já está traduzido para o idioma dela. O que me leva a pensar que o jornalismo é, portanto, a morte do dicionário.<br />
<br />
Nada contra. Não vou fazer nem minuto de silêncio, pois nunca simpatizei com o sujeito (nem com o predicado!).<br />
<br />
Mas, aí me pergunto de novo: a morte do dicionário não é, de forma lenta, dolorosa e cruel, a morte do português também?<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-1Y2dt1NdCjk/UFoDBWHWCHI/AAAAAAAABUo/2bp69SIGm3E/s1600/mortedalingua.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-1Y2dt1NdCjk/UFoDBWHWCHI/AAAAAAAABUo/2bp69SIGm3E/s1600/mortedalingua.png" /></a></div>
<br />
Deus é minha testemunha que o meu crescente desentendimento com as excentricidades gramaticais e ortográficas do nosso idioma, assim como o lapso ocasional de uma palavra ou outra, não é esnobismo de quem mora no exterior, mas, sim, pura ferrugem mesmo. Quase não tenho livros em português. Por quê? Porque o português é o idioma mais precioso do mundo. Livros em português custam mais caro do que em qualquer outro idioma. Então, prefiro ler em inglês ou em alemão mesmo, thankyouverymuch. Questão de economia doméstica. A Katniss aprovaria. Daí é culpa minha que tudo que leio em português agora é a página online do Estadão? (OK, mentira. Leio também blogs de literatura etc. E quase sempre minha reflexão a respeito dos textos é: “Poxa, um dia eu soube o que essa palavra significa!”)<br />
<br />
Já passei há muito tempo da fase de ser uma nazista gramatical (do tipo que solta: “Hahaha! Escreveu pesquisa com Z, que burro, zero nele! Seu argumento é inválido, analfabeto!”) e entrei na fase de implorar para a minha cunhada verificar os erros mais grotescos da minha redação. Caminho em um campo de tensão entre maturação da graciosidade e reconhecimento da própria incompetência. Certamente Jane Austen não estava tão preocupada com a ortografia enquanto escrevia (afinal, havia acordo ortográfico na Inglaterra naquela época?). Shakespeare celebremente inventava as próprias palavras quando não encontrava uma que lhe agradasse. Eu mesma sou uma grande adepta dos neologismos e adaptações semânticas para minha própria conveniência. Estou ciente de que nenhuma língua é estática e apoio o desenvolvimento do idioma (contanto que eu não tenha que aprender novas regras #novoacordoortografico). Mas desenvolvimento do idioma significa necessariamente emburrecimento do idioma?<br />
<br />
Parece que sim. Pelas minhas observações amadoras, quanto mais um idioma se “desenvolve”, mais simples ele se torna (vide o super <i>cool </i>inglês em relação ao retrógrado alemão).<br />
<br />
Só tenho medo, muito medo, do que vai acontecer com a comunicação se esse desenvolvimento prosseguir.<br />
<br />
E quando não existirem mais palavras suficientes para expressar o que realmente queremos dizer só porque as esquecemos? (Se é que ainda existem.)<br />
<br />
Vamos nos expressar apenas através de emoticons<b>*</b>? (>.< que medo… :( )<br />
<br />
Por mais romântico (…not) que pareça ser viver no mundo de “Mim, Tarzan, tu, Jane”, a versão original de Edgar Rice Burroughs mostra um Tarzan culto, que aprendeu a falar, ler e escrever inglês sozinho, lendo livros abandonados na selva. O idioma e a aptidão de se expressar através dele até mesmo parece um pré-requisito para a capacidade de ser civilizado e internalizar valores humanos de compaixão e sociedade. Diga-me que palavras sabes e te direi quem és.<br />
<br />
Confesso que desde o novo acordo ortográfico me sinto sob uma espécie de ditadura que exclui arbitrariamente acentos e hífens de palavras que eu até gostava. Tem idéia, opa, ideia do que é fazer isso do dia para a noite, sem motivo lógico e aparente? Então, não estou falando da preservação xiita do português, mas da preservação da comunicação.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-vxb3GTnubGg/UFnz-35_ZtI/AAAAAAAABTY/NvZdOrP1VAw/s1600/abracandopalavras.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-vxb3GTnubGg/UFnz-35_ZtI/AAAAAAAABTY/NvZdOrP1VAw/s320/abracandopalavras.jpg" width="249" /></a></div>
Quero palavras que dançam nos meus lábios, que rolam o significado para fora com o prazer de um tobogã, palavras que, como “duas colheres de açúcar, fazem o remédio descer” (Mary Poppins). Quero voltar a entender Os Lusíadas, caramba!<br />
<br />
Mas, que empino o nariz para blogueiro que usa a palavra “deletério”, empino. (Porque tive que abrir o dicionário.)<br />
<br />
Mas, que quero mais do que “gá-gá du-du” para as minhas crianças, eu quero. (Quando elas tiverem idade suficiente para falar, claro.)<br />
<br />
Não posso culpar o jornalismo pela nossa preguiça intelectual, mas que posso acusá-lo de ser indulgente e de mimar excessivamente o leitor, eu posso. Posso culpar o governo pela falta de investimentos na educação. Posso culpar a literatura “clássica” asquerosa e semi-pornográfica enfiada goela abaixo dos adolescentes por amor do vestibular, assegurando com quase total garantia que eles nunca mais vão querer ler livros na vida. Posso culpar o Lula (é sempre legal culpar o Lula). Posso culpar a internet e a velocidade e os SMS e isso e aquilo.<br />
<br />
Mas, convenhamos, em época de Google e Smartphones, existem dicionários online suficientes para não termos desculpas (ou para termos a quem culpar).<br />
<br />
Então de quem é a culpa?<br />
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Nossa. Burrice nossa. Estupidez nossa. Preguiça nossa. Se a gente não se entende, a culpa é nossa.<br />
<br />
Resolução do novo ano? Aprender uma palavra nova por dia. Fácil? Não é. Mas seria <i>deletério</i> para o nosso idioma não fazê-lo. Usei certo? Não, espero que tenha '<i>empregado </i>corretamente'.<br />
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<b>Qual a palavra pouco utilizada hoje em dia que você acha mais bonita? Você é a favor da reciclagem de palavras esquecidas?</b><br />
<b><br /></b>
<b>*</b><i> Por falar nisso, parabéns aos emoticons por seus <a href="http://blogs.estadao.com.br/link/tres-decadas-de-emoticons/">30 anos de existência</a>. Adoro, uso e recomendo! ;-)</i>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-20736260690439556532012-09-14T15:52:00.000+02:002012-09-14T16:01:07.201+02:00Segredos sobre o espaço<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-CKJWka8V4eI/UEUFiRzK4UI/AAAAAAAABNc/TNOgx0ttG4g/s1600/espaco1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-CKJWka8V4eI/UEUFiRzK4UI/AAAAAAAABNc/TNOgx0ttG4g/s1600/espaco1.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Página 1 / 4 ~ Mima Pumpkin</span></td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-_lY3e47BKPg/UEUFjYZuIjI/AAAAAAAABNg/kwcH5kXm9dg/s1600/espaco2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-_lY3e47BKPg/UEUFjYZuIjI/AAAAAAAABNg/kwcH5kXm9dg/s1600/espaco2.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Página 2/4 ~ Mima Pumpkin</span></td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-QsCc6ZljHrk/UEUIsOFHyeI/AAAAAAAABOU/VZUNzyJDKaA/s1600/espaco3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-QsCc6ZljHrk/UEUIsOFHyeI/AAAAAAAABOU/VZUNzyJDKaA/s1600/espaco3.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Página 3/4 ~ Mima Pumpkin</span></td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-vm8VWIiqN7Q/UFMsdnHdEmI/AAAAAAAABS0/XTNvXBY0Y0g/s1600/espaco4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-vm8VWIiqN7Q/UFMsdnHdEmI/AAAAAAAABS0/XTNvXBY0Y0g/s1600/espaco4.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Página 4/4 ~ Mima Pumpkin</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<hr style="background-color: white; color: #555555; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: 15.454545021057129px; line-height: 18.984848022460938px;" />
<br style="background-color: white; color: #555555; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: 15.454545021057129px; line-height: 18.984848022460938px;" />
<b style="background-color: white; color: #555555; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: 15.454545021057129px; line-height: 18.984848022460938px;"><i style="background-color: #eeeeee;">Sobre Segredos sobre o espaço</i></b><br />
<br style="background-color: white; color: #555555; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: 15.454545021057129px; line-height: 18.984848022460938px;" />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 15px; line-height: 18.983333587646484px;"><span style="color: #555555;">Estava lembrando de </span><a href="http://www.wingclips.com/movie-clips/spanglish/no-space-between-us" style="color: #555555;">uma cena</a><span style="color: #555555;"> do filme Espanglês [</span><span style="color: red;">SPOILER para quem não assistiu</span><span style="color: #555555;">], quando a menina mexicana fala para a mãe depois de uma briga "Agora não, eu preciso de espaço". Adoro a reação da mãe, geralmente tão calma e comedida, falando com toda autoridade: "Não há espaço entre nós!" </span></span></span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 15px; line-height: 18.983333587646484px;"><span style="color: #555555;"><br /></span></span></span>
<span style="color: #555555; font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 15px; line-height: 18.983333587646484px;">Pensei então que, às vezes, tenho a sensação que o motivo pelo qual algumas pessoas são tão sozinhas é justamente por exigirem reserva e privacidade como um direito sagrado. O tal do "espaço". </span></span><br />
<span style="color: #555555; font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 15px; line-height: 18.983333587646484px;"><br /></span></span>
<span style="color: #555555; font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 15px; line-height: 18.983333587646484px;">Resolvi tentar expressar isso de forma visual, como uma carta para mim mesma, para o cosmos, para todos. Apenas um lembrete. :)</span></span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-66483084134599607512012-09-10T17:07:00.003+02:002012-09-10T17:09:41.349+02:00100 sonhos de solidãoAlternava<i> flashes</i> da realidade da minha cama e dos cobertores entrelaçados com baforadas ruidosas de estupor e ilusão. Estávamos em um veleiro. Meus cabelos chicoteando meu pescoço e o rosto dele, ele com a barba arranhando meu ombro. Um raio de luz cegando um dos seus olhos, o resto é sombra minha. Eu o vi ali nessa meio-sombra, meio cor, embora ele estivesse por trás de mim e essa perspectiva fosse tecnicamente impossível. Estávamos os dois ali embaixo, porque agora nos via de cima, envolvidos naquela atmosfera rosa alheia aos outros que novos amantes se encobrem.<br />
<br />
“Conta um segredo”, exijo dele. “Algo que ninguém sabe.”<br />
<br />
A meia cor se aquece, um trem violento borra a cena em trilhos invisíveis e fora de lugar, o sacolejar suave do mar locomove a luz e você é todo sombra.<br />
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“Eu te amo”, sussurra. “Sempre te amei, sempre vou te amar”, com rouquidão e secura nas palavras.<br />
<br />
Um brilho de lágrimas no balançar da luz. Os cobertores me pesam no corpo. Um trem prossegue seu trajeto, sempre constante, sempre rangendo, rugindo arrepios. “Eu te amo” continua num eco ondulado de alguma saudade esquecida. “Eu te amo”… “eu te amo”… cada vez mais indistinto, cada vez mais desejado.<br />
<br />
“Eu também”, tento falar, mas a voz não sai. As sombras não se vão mais. O foco se desfaz devagarinho e o mundo pulsa porque preciso tocá-lo ao menos uma vez, uma única vez preciso alcançar o seu rosto.<br />
<br />
Solto a beirada do barco e me torno para ele. Meus dedos se esticam para tocar o seu rosto e ao mesmo tempo para alcançá-lo no outro lado da cama. Mas, não sinto nada além do vazio. Apalpo o lençol frio antes de soluçar solidão.<br />
<br />
“Eu também”, sussurro tremendo, semiacordada, semidormindo.<br />
<br />
Meu choro é pela alegria completa se esvaindo como o nevoar em olhos recém-despertos.<br />
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Quem pode dizer que não foi real por não ter existido? Alguém que nunca sonhou?<br />
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Foi a matéria dos sonhos, o tecido conjuntivo entre a minguante e o nascente, o que amei. Amei, amei, acreditem. Amei mais do que já amei alguém.<br />
<br />
Ao menos, agora eu sei do que o meu amor é feito. Do material que os sonhos são tecidos.<br />
<br />
<i>“Você sabe aquele lugar entre dormindo e desperto? O lugar que você ainda lembra de sonhar? É este o lugar onde eu sempre vou te amar, Peter Pan. É onde eu estarei esperando.” ~ Tinkerbell, Hook - O Retorno do Capitão Gancho</i><br />
<i><br /></i>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-oBXwellwl-U/UE4AtN8KoLI/AAAAAAAABPc/Rn2iJruYIg8/s1600/hook31.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="243" src="http://4.bp.blogspot.com/-oBXwellwl-U/UE4AtN8KoLI/AAAAAAAABPc/Rn2iJruYIg8/s400/hook31.png" width="400" /></a></div>
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<b><i style="background-color: #eeeeee;">Sobre 100 sonhos de solidão</i></b><br />
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Este<i> post </i>nasceu da vontade de registrar de alguma forma momentos que foram recorrentes na minha vida. Um deles era a sensação de perda e irrealidade que sucedia a sonhos que pareciam bom demais para ser verdade e, de fato, eram.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-48908366849122051092012-09-03T15:25:00.000+02:002012-09-03T15:35:42.667+02:00O anonimato<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-A0SekH1cEn0/UD9mNOJN5II/AAAAAAAABKU/0ZjL0zJszkA/s1600/noriacho.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="288" src="http://1.bp.blogspot.com/-A0SekH1cEn0/UD9mNOJN5II/AAAAAAAABKU/0ZjL0zJszkA/s320/noriacho.png" width="320" /></a></div>
Na barra da saia daquela grande cidade havia um vilarejo e, no vilarejo, um milharal, e, por trás do milharal, um campo de macieiras e, junto ao campo de macieiras, brincando e dançando furtivamente por trás de um denso matagal, um riacho. O sol inclemente parecia ter uma predileção especial por toda a região, esparramando-se num clarão branco sobre as silhuetas secas. O riacho, no entanto, era imune ao ardoroso castigo, como um ex-amante amargurado que não mais se ressente das ofensas de uma paixão antiga. Debaixo do sol, os campos gemiam, mas o riacho simplesmente brilhava em milhares de pontinhos de diamante.<br />
<br />
Não havia nada de mágico e especial a respeito desse riacho em questão, a não ser a característica comum a todos os riachos, que, enquanto correm, o tempo parece ceder graciosamente sua função. Mas, este riacho em particular, além do tempo, apenas mais uma personagem se atrevia a desbravar as matas para visitar.<br />
<br />
Todo verão, todos os dias, ela corria e quedava-se na margem, observando a ondulação gelada em seus pés, na parte rasa e cristalina, salpicada de confetes de pedregulhos e folhinhas flutuando apressadas, curiosas, um tanto desorientadas, como turistas na hora do rush em São Paulo. Mas, ali não havia o ruído de São Paulo, nem o concreto de São Paulo, nem a dureza de São Paulo, nem mesmo os aromas de São Paulo. No entanto, ou, até mesmo portanto, correndo como o riacho, refrescante como o riacho e tão furtiva e escondidinha quanto ele, estava a paz. Paz, daquele tipo que faz o próprio tempo se atrasar por um golinho.<br />
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<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Rcd7RBXDuCM/UD9mfFEj7iI/AAAAAAAABKc/CWRixVCg9H0/s1600/riacho.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-Rcd7RBXDuCM/UD9mfFEj7iI/AAAAAAAABKc/CWRixVCg9H0/s320/riacho.png" width="212" /></a>Ali nossa personagem se banhou de paz e bebeu paz e chorou paz. Ali ela permaneceu, ao mesmo tempo menina, ao mesmo tempo uma metamorfose, ao mesmo tempo mulher vivida, ao mesmo tempo uma grande cicatriz viva no meio do mundo de caos. A floresta, por sua vez, parecia ter um longo fôlego, segurando a respiração o tempo inteiro em que aguardava quietinha, mas às vezes parecia que ela mesma festejava na única forma que podia, com uma centena de ruídos, estalos, zumbidos, farfalhares e cantos agudos. O ritual anual era só para ela e ela só para a paz.<br />
<br />
Pouco tempo depois que elas se foram, a personagem e a paz, o riacho finalmente também secou. Dele só restaram húmus e pedregulhos.<br />
<br />
Ninguém estava lá para testemunhar esta mudança.<br />
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Se um riacho nasce, corre e seca no meio da floresta, mas ninguém viu, ele realmente existiu?<br />
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<iframe allowfullscreen="allowfullscreen" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/zmAriqpnI0s?rel=0" width="560"></iframe><br /></div>
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Por questão de <i>justiça</i>, resolvi postar a tentativa de VLOG aqui no BLOG também, para quem não segue ainda a <a href="http://facebook.com/MimaPumpkin">página do Facebook</a>. (Aliás, por que você não segue ainda a <a href="http://facebook.com/MimaPumpkin">página do Facebook</a>? Por que? Por que? Fica tão mais fácil de acompanhar quando tem post novo ^^)</div>
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<b>Se gostar do vídeo</b> ou achar que <b>eu devo continuar tentando</b>, dá um<i> like </i>ou um <i>subscribe,</i> lá no Youtube, ou um<i> curtir</i> e comentário aqui embaixo. :)Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-9685723246438976062012-08-29T14:17:00.000+02:002012-10-09T18:58:38.109+02:00A difícil espera<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-UXc6ufd80IA/UD0WcyPaAfI/AAAAAAAABH4/b0AK--MbUcE/s1600/Karlsruhe_Pyramide.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="250" src="http://4.bp.blogspot.com/-UXc6ufd80IA/UD0WcyPaAfI/AAAAAAAABH4/b0AK--MbUcE/s400/Karlsruhe_Pyramide.png" width="400" /></a></div><i><br />
</i> <i>8 Minuten.</i> Oito dolorosos minutos é o mau agouro do painel eletrônico na estação. Oito terríveis minutos, os quais passarei, cada minuto, tremendo, congelando, sofrendo e sonhando… a seu respeito. Oito minutos para imaginar sob a luz amarelada deste poste narniano o que somos e o que poderíamos ser. Oito minutos, com a pirâmide por testemunha, remexendo-me desconcertada.<br />
<br />
Desvio por um instante o olhar do número maldito e ouso torná-lo para você. Seus olhos estão intensamente voltados para o mesmo lugar que eu observava antes, como se analisando profundamente o que significam esses oito minutos restantes. O anúncio no visor não está claro o suficiente? Olhe para mim.<br />
<br />
Meu corpo todo treme. As pontas dos dedos doem e formigam, mesmo sob grossas luvas, mesmo enquanto minhas mãos esfregam-se desesperadamente uma contra a outra. O frio intenso tem a pior qualidade de um sedutor. Desperta uma carência rabugenta baseada no desconforto dos sentidos. Ele promete alívio temporário com ações comprometedoras e irracionais. É o frio que me atrai a você? Não consigo escapar do vento cortante e não consigo escapar da delícia agoniante de imaginar um abraço seu. Como eu estaria abrigada, reconfortada e segura! O frio traz-me imagens de Jane Eyre, em algum orfanato maldito, com poças d’água insalubre e correntes congelantes de ar. Faz-me pensar em um romance gótico, loucuras macabras e amores doentios. <i>Mr. Rochester. </i>Se eu estivesse na Inglaterra, certamente sucumbiria ao charme do clima impiedoso. Mas, aqui estamos na Alemanha. Aqui somos racionais. Aqui sinto apenas um leve enjôo e ruborizar ao constatar que estou pensando no que estou pensando. Imagine se você soubesse.<br />
<br />
Seus olhos estão agora perdidos no nada, meditativos. Sete minutos. O que você está fazendo aqui? Eu seria capaz de ler a verdade em qualquer outro rapaz. Que tipo de homem se ofereceria para me acompanhar na espera pelo trem numa temperatura tão inclemente? Ouso dizer que um João ou um Joaquim teriam muitas intenções ocultas. Seus olhos sorridentes agora estariam voltados para os meus, cheios de lisonjas e gozação. Alguma piadinha a respeito do meu nariz estar vermelho, uma ajeitada jeitosa de uma mecha de cabelo escapada do gorro de lã azul, o desafio de provar se meus lábios estão frios e uma risada para demonstrar que, caso não esteja interessada, é tudo apenas brincadeira. Sim, um João ou um Joaquim tomariam um passo. Mesmo não tão ousado, ofereceriam, ao menos, um abraço? Mas, o que mais me impressionou em você e, agora, o que mais me tortura é essa qualidade de personagem de livro clássico: sério, grave e educado ao extremo. E foi só sua educação que nos trouxe aqui, não é? Vida cruel. Quando finalmente encontro o homem que sonho, ele é, talvez, simplesmente bom demais para mim.<br />
<br />
Suspiro. “Seis minutos”, arrisco falar, sentindo o rosto ruborizar novamente. Você olha para mim, como se tivesse esquecido que estamos ali, mas ao remexer seus pés e afundar as mãos mais fundo no bolso, percebo que você está sofrendo tanto quanto eu — só que provavelmente não pelo mesmo motivo. “Muito frio?”, continuo. Você demora para responder um pouquinho, escolhendo as palavras com cuidado. “A Alemanha no verão não é tão ruim, você vai ver. É tudo tão…”, você procura a palavra certa, “…diferente”. Desafio meus lábios congelados a se esticarem num sorriso. “Diferente, como?”, pergunto num tom brincalhão. “O que é tão diferente no verão? As árvores são de cristal, as ruas de ouro?” Você sorri também, parece que meio que contra sua vontade. “Você vai ver”, é tudo que diz, antes de retornar ao mistério do seu silêncio.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-H0lsZ0TTQoI/UD0bKVXnSfI/AAAAAAAABI0/K9ENEhbVgdw/s1600/casaisfelizesmimapumpkin_sonho.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-H0lsZ0TTQoI/UD0bKVXnSfI/AAAAAAAABI0/K9ENEhbVgdw/s320/casaisfelizesmimapumpkin_sonho.png" width="250" /></a></div>Quem dera fosse verão. Quem dera fôssemos um casal apaixonado, de braços dados, compartilhando gracinhas que só nós entendemos e trocando beijos leves de afeição. Ao invés de contarmos os minutos, os ignoraríamos. Como lamentaríamos o ranger arrepiante do trilho anunciando a chegada do trem! “Mas, já? Como? Faltavam 8 minutos!” “Sim, 8 minutos atrás. Como passaram rápido!” E mais um beijo de despedida, antes da partida. Não, mas o que estou dizendo? Você subiria comigo, é claro. A porta automática se fecharia atrás de nós, carimbaríamos os nossos tickets na maquininha e, depois do bip, sentaríamos lado a lado em direção ao nosso lar. Nem observaríamos a paisagem correndo na janela. Eu encostaria a cabeça no seu ombro e poderia, quem sabe, finalmente ter a chance de estudar que cor têm os seus olhos.<br />
<br />
“Que cor têm os seus olhos?”, pergunto impulsivamente e, ante sua surpresa, logo me arrependo. Gaguejo qualquer desculpa de as fotos no Facebook serem indistintas e essa pergunta ser uma pergunta geral, que todas as pessoas fazem para jogar conversa fora. “Verdes, acho”, você diz. Correto, mas incompleto. Agora que os vejo mais de perto sei que são verdes salpicados de pontinhos dourados, como folhas de árvores em transformação entre o fim do verão e o início do outono — a melhor época do ano, na minha opinião. “Ah, verdes”, eu respondo. “Legal…” Começo a dar pulinhos sem sair do lugar para chacoalhar para fora o gelo. Você me olha divertido, como se eu fosse louca e, por qualquer motivo, gosto disso. Melhor que você já saiba a verdade desde agora. Cinco minutos. Olho para trás e vejo, iluminado por duas tochas de fogo, a placa de um restaurante espanhol chamado<i> Besitos</i>. Sugestivo. Eu aqui apenas sonhando com um abraço, o que dizer, então, de beijos? Mordo os lábios e percebo que já não os sinto mais. Como é ser beijada nos lábios? Você poderia me mostrar, se simplesmente chegasse mais perto. Ou eu poderia me aproximar de você agora. Poderia ficar na pontinha dos pés e simplesmente experimentar. Tanto tempo de espera para acabar assim. . . Um beijo roubado de um amigo recente, com lábios dormentes e incerta de futuro. Ao menos encerraria essa aura assustadora de Virgem Maria que parece me envolver sempre que descobrem a respeito da minha ‘inexperiência’. Sim, eu poderia acabar com tudo. Você saberia das minhas intenções e eu me encheria de um orgulho pérfido, por saber que fiz o que ninguém achou que eu ousaria. Olho para os seus lábios e me divirto por um instante com o pensamento. Você e eu seríamos perfeitos, aqui no frio, cumprindo ao chamado natural de aquecermo-nos mutuamente. Sorrio e imagino. Quatro minutos. Então meu coração dói como costuma após alguma ideia muito errada dominá-lo. Errada, por quê? É o que todo mundo faria. E essa lógica de esperar pelo marido é meio maluca — afinal, quem diz que você não será meu marido?<br />
<br />
Adoro seu silêncio, cheio de possíveis sentidos. Adoro seus olhos salpicados de dourado, sua barba de dois dias e seu porte <i>cool</i> casual, com as mãos nos bolsos. Adoro que, nas raras ocasiões que você se concentra em mim, seu olhar me diz que sou o centro do mundo. Mas, tudo isso é agora só combustível para melancolia. Esse vento correndo congelante entre nós me lembra o que essa distância denuncia — você não é meu e eu não sou sua, ainda não, talvez nunca. E, por mais que eu não queira admitir agora, em algum lugar do tempo e do espaço, existe um marido que eu amo mais do que tudo me esperando, talvez, em alguma estação de trem durante um verão ou inverno futuro e ele adorará ouvir falar sobre beijos reservados para ele e sobre um coração que se recusou a ceder aos devaneios de uma noite fria. Quão deliciosos serão os abraços desejados e negados por tanto tempo. Quão fantástico será aquele primeiro beijo de lábios que pertencerão a mim eternamente.<br />
<br />
Três minutos. Olho para você e suspiro um vapor gélido. Minha maior declaração de afeição não será um beijo, mas sim o silêncio. Será que isso significará perder você? Será que algum dia irei me arrepender?<br />
<br />
Dois minutos. Perdida entre tantos pensamentos contraditórios e confusos, olho nos seus olhos mais uma vez e, de repente, rio. É óbvio, você é só um amigo e o que sentimos não é amor, é apenas frio.<br />
<br />
<div style="text-align: left;">Um minuto. Meu trem chega adiantado e eu dou na sua bochecha um beijo rápido que não contém nenhuma promessa, apenas gratidão amiga pela longa espera. Oito minutos, no final das contas, não é nada. Difícil que seja, por valer a pena, eu esperaria pelo meu amor uma vida inteira.</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><iframe allowfullscreen="allowfullscreen" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/3abtt_zn6i4?rel=0" width="420"></iframe><br />
</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><hr /><br />
<b><i style="background-color: #eeeeee;">Sobre A difícil espera</i></b><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div>Às vezes, eu e meu marido conversamos sobre o que estávamos pensando em um dia ou outro antes de nos tornarmos amigos e companheiros para a vida toda. Nós retornamos muitos vezes à pirâmide depois de casados e sempre lembramos de situações como a descrita acima. Rimos bastante ao finalmente compreendermos o que aquele olhar, aquela frase fora de contexto ou aquele ruborizar repentino significaram num determinado momento. Rimos também porque hoje colhemos a recompensa e compensamos pela longa, dolorosa e doce espera. Vale a pena esperar. :)Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-32213875884728437792012-08-28T15:28:00.000+02:002012-08-28T16:18:32.426+02:00A tecnologia (quase) realizando sonhos #2<b>O sonho:</b><br />
O sucesso recente do fenômeno chamado "música" me leva a uma teoria que até mesmo o cinema mudo já sabia: a vida sem uma trilha sonora não tem tanta graça. A vida seria mágica como um videoclipe bacana se pudéssemos carregar a música conosco.<br />
<br />
<b>O que tínhamos antes:</b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-r1x-NUr0lsY/UDy97keLm4I/AAAAAAAABFI/qS1KqW6aatE/s1600/janeaustencaminhada2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="256" src="http://3.bp.blogspot.com/-r1x-NUr0lsY/UDy97keLm4I/AAAAAAAABFI/qS1KqW6aatE/s640/janeaustencaminhada2.png" width="512" /></a></div>
<br />
Quase sinto pena pela Jane Austen quando leio em seus livros sobre longas caminhadas sem o auxílio ou consolo de músicas <i>tutz tutz</i> ou de Corinne Bailey Rae pedindo docemente no ouvido para que coloque um som, lhe diga minha canção favorita e solte meu cabelo ao vento.<br />
<br />
Não que fosse totalmente impossível para pessoas daquela época ouvirem música enquanto caminhavam... era apenas, digamos, um tanto inconveniente e não muito prático. Imagina a cena. Uma orquestra em procissão, o <i>grand piano </i>(entre outros instrumentos não tão portáteis)<i> </i>carregado por dez a doze servos mais robustos, o pianista por uns três, um cantor sussurrando no ouvido do sujeito, violinistas dançando ao redor, o olhar curioso e chocado dos vizinhos. Não é exatamente o que eu chamaria de uma caminhada solitária e tranquila, por mais relaxante que fosse a melodia tocada.<br />
<br />
<b>O que temos hoje:</b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-jDW0oO9Ehzo/UDzEPRH2GPI/AAAAAAAABFo/uVWhYsrBIwI/s1600/mp3player2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="256" src="http://3.bp.blogspot.com/-jDW0oO9Ehzo/UDzEPRH2GPI/AAAAAAAABFo/uVWhYsrBIwI/s640/mp3player2.png" width="512" /></a></div>
<br />
Desde 1979, música portátil para a nossa alegria. :)<br />
<br />
Sugestão da <a href="http://soulittlewoman.blogspot.de/">Rebeca</a> e da <a href="http://www.youtube.com/watch?v=WdtLjJq-F0U">Corinne Bailey Rae</a>, durante uma caminhada hoje de manhã.<br />
<hr />
<br />
<b><i style="background-color: #eeeeee;">Sobre A tecnologia (quase) realizando sonhos</i></b><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Há um milhão de motivos pelos quais eu adoraria viver na época da Jane Austen ou na era vitoriana. Mas, existem outros bilhões pelos quais não largaria nunca a época em que vivo hoje. A série "A tecnologia (quase) realizando sonhos" tenta exaltar as maravilhas que a modernidade nos trouxe ao alcance.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
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<b>Você tem sugestões de coisas legais exclusivas a nossa época? </b></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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Veja também <a href="http://mima-pumpkin.blogspot.de/2012/08/a-tecnologia-quase-realizando-sonhos-1.html">A tecnologia (quase) realizando sonhos #1</a></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-772269739484320072012-08-20T15:20:00.000+02:002012-08-20T15:40:53.313+02:00Um último adeusA última lembrança que tenho sua, embora não a mais forte, é daquela despedida casual e descuidada, beijos rápidos na bochecha e um “até breve” sincero. Veríamo-nos tão logo, delongas não eram necessárias, lágrimas não seriam derramadas, nem sequer um minuto gasto para memorizar últimos olhares.<br />
<br />
Acordei numa manhã ao som de agitação e desespero e tive que deduzir lentamente, a partir do choro compulsivo da minha mãe, do silêncio grave e ininterrompível dos meus irmãos e seus passos agitados de um lado para o outro, que você se fora. A morte não esperou por nosso próximo encontro.<br />
<br />
Um adulto saberia o que fazer. Ante a primeira menção da palavra “câncer”, meses antes, começaria talvez intimamente a preparar-se emocionalmente para o pior. Já eu, eu acreditei que você melhoraria. Acreditei que um dia poderia cumprir a promessa de jogar vôlei comigo na praia. Acreditei que voltaria a fazer aquelas brincadeiras bobinhas que gostava tanto, a dar sustos nos outros, lambidas nos rostos e me buscar de lambreta na escola. Mesmo passar um dia inteiro no hospital com você entubada, lutando por respirar, com os grandes olhos verdes arregalados e assustados, não foi dica suficiente do que estava por vir. Eu não conhecia a morte. Então, nos despedimos assim. Um tchau irrefletido, um abraço não sentido do qual mal posso me recordar. Quando finalmente cheguei, era tarde. Você já não estava mais lá.<br />
<br />
E, por não nos despedirmos propriamente, você me assombrou muito depois que se foi. A sensação irremissível de que você simplesmente surgiria à porta, rindo muito porque tudo não passava de uma grande piada. A incapacidade de aceitar que nessa vida nunca mais a ouviria dar essas risadas. A incompreensão de como o mundo pode continuar prosseguindo seu curso quando sua vida parou de forma tão abrupta. Meses, talvez anos, para me conciliar com o fato de que eu nunca parei para pensar que nosso último instante seria, de fato, o último. Com o fato de que um momento tão significativo deixou-me apenas uma lembrança nebulosa e semi-imaginada. Eu não sabia, eu simplesmente não sabia.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-GTKwY8LgLRc/UC_zxPE4xbI/AAAAAAAABCk/QDVI-hOyXoA/s1600/dizeradeus.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-GTKwY8LgLRc/UC_zxPE4xbI/AAAAAAAABCk/QDVI-hOyXoA/s320/dizeradeus.png" width="320" /></a></div>
Você não foi a última pessoa que perdi. Perdi pessoas, lugares e coisas que me significaram tanto. Mas, desde que você se foi, aprendi a me despedir em todo instante. Despeço-me de toda felicidade enquanto a vivo; suspiro nostalgicamente pelo presente; deixo que a vida seja iluminada e temperada pela sua brevidade. Últimos olhares para os que amo, para os que passam, para os que vejo. Últimos olhares para a minha casinha, para a minha rua tranquila, para essa vila. Últimos olhares para a nossa juventude, para a nossa saúde, para os anos dourados em que vivemos. Despeço-me silenciosamente da nossa sociedade, da nossa cultura, dos nossos valores. Despeço-me de tudo que toco e celebro a efemeridade até mesmo de estátuas e grandes construções. Que privilégio tive de conhecê-los, a todos, antes de tornarmo-nos todos memoriais e ruínas para admiração e ponderação das próximas gerações. Até mesmo inscrições em pedras sofrem com as erosões do tempo. Que esperança há para nós?<br />
<br />
Não sei mais viver um momento de pura alegria — a família reunida, borbulhando de causos engraçados e saudades para matar ou o olhar cheio de carinho do meu jovem esposo logo depois de deitar — sem sobrepor por cima o fantasma do que foi e do que será. É lindo e doloroso. Quanto tempo mais durará? Não sei. Por isso, cada momento a mais que nos é dado é uma agradável surpresa, uma oportunidade de despedirmo-nos mais uma vez com propósito e intensidade.<br />
<br />
Parece bobo, mas acredito que o que lamento mesmo (e, ao mesmo tempo, celebro) são, no final das contas, as mudanças. Ausências doem. E toda mudança significa necessariamente ausência — do que foi, do que fomos, do que poderia ter sido.<br />
<br />
É o que nos tornamos hoje que choramos? Acho que não. É o deixar. O ser humano deve ser o único bicho que volta para lamentar seu casulo. E o dos outros.<br />
<br />
Faz sentido? Tudo que passou é casca, não é? Você está voando, minha tia, minha linda borboleta. Nossa despedida só foi a última porque na eternidade despedidas serão desnecessárias.<br />
<br />
Com esse pensamento, despeço-me por agora. Até breve — quem sabe.<br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-34060730270229676762012-08-15T18:48:00.001+02:002012-09-01T10:34:08.860+02:00A tecnologia (quase) realizando sonhos #1<div class="”dynabox”">
<i>Meu sonho de infância: </i><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-JezGgISy6cw/UCu2UsE2wSI/AAAAAAAABBI/YCjolE3rI8A/s1600/bibliotecabelaeafera.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="252" src="http://3.bp.blogspot.com/-JezGgISy6cw/UCu2UsE2wSI/AAAAAAAABBI/YCjolE3rI8A/s640/bibliotecabelaeafera.png" width="512" /></a></div>
<br />
<div class="" style="clear: both; text-align: left;">
<i>O que tenho hoje:</i></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-7DGfcaz3pHU/UCu2Xo4VMAI/AAAAAAAABBQ/UFfXhKANzFg/s1600/kindlecollage.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="256" src="http://3.bp.blogspot.com/-7DGfcaz3pHU/UCu2Xo4VMAI/AAAAAAAABBQ/UFfXhKANzFg/s640/kindlecollage.png" width="512" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
OK, não é exatamente a mesma coisa, mas fica mais fácil de organizar, limpar e localizar os livros. E, além disso, cabe perfeitamente em um apartamentozinho apertado!</div>
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<br /></div>
<hr />
<br />
<b><i style="background-color: #eeeeee;">Sobre A tecnologia (quase) realizando sonhos</i></b><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Há um milhão de motivos pelos quais eu adoraria viver na época da Jane Austen ou na era vitoriana. Mas, existem outros bilhões pelos quais não largaria nunca a época em que vivo hoje. A série "A tecnologia (quase) realizando sonhos" tenta exaltar as maravilhas que a modernidade nos trouxe ao alcance.</div>
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Você tem sugestões de coisas legais exclusivas a nossa época? </div>
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Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-88187624644341290172012-08-13T19:22:00.000+02:002012-08-18T00:41:37.922+02:00A Menina no EspelhoAs pessoas não deviam deixar espelhos pendurados nos quartos, nem celulares sem senha por cima da mesa ou Facebooks logados.<br />
<br />
Impossível deixar de olhar-se em um longo espelho a pender da parede numa linda tarde de verão ou numa manhã fresca, após o despertar. <br />
<br />
Das profundezas da cabeceira, Isabela vê refletido em seu espelho não somente o lençol desbotado, amassado como um guardanapo usado sobre a cama e os pôsteres de cantores estrangeiros presos por tachinhas na parede, como também sua penteadeira, com todos os itens que lhe tem mais valor no momento: bijuterias velhas que perteceram a sua mãe, brincos de cristal, presentes de um homem cujo nome deve permanecer no esquecimento, maquiagens, algumas de camelô, outras caras demais para o seu salário, pincéis, cremes para todas as funções, lenços, presilhas, tiaras, chapéus, chapinha, sprays, apetrechos e outras tranqueirinhas mais, sem as quais não poderia viver.<br />
<br />
A verdade é que Isabela tinha um espelho, mas no fundo não queria se ver. Afinal, de que outra forma deve uma pessoa entender o por quê de Isabela esforçar-se tanto para se esconder por trás de toda aquela parafernália?<br />
<br />
Isabela percebe isso e seu sorriso esticado murcha devagarzinho no reflexo. O mundo parece ondular das beiradas ao centro, como a busca do foco de uma Cybershot velha. Para todos os padrões, Isabela é linda, natural e única. Mas, algo falta.<br />
<br />
Ela apanha de uma caixinha de jóias com o dourado descascando um batom de capa roxa da Avon. Tira a tampinha com um clique e desliza os dedos em círculo no fundo, fazendo florescer o vermelho sangue do bastão para fora. Não é a si que Isabela quer ver, zumbe a verdade em seus ouvidos. Então, ela photoshopa a realidade, acrescenta constraste às suas feições, manipula as formas através de cores, torna-se uma artesã de si. Ver-se por quê? Essa coisa tediosa que todos os dias a encara.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/--7hFfVUVMAk/UCkzicf61OI/AAAAAAAAA_o/7DDNwE1IAv0/s1600/espelho.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="269" src="http://4.bp.blogspot.com/--7hFfVUVMAk/UCkzicf61OI/AAAAAAAAA_o/7DDNwE1IAv0/s400/espelho.png" width="400" /></a></div>
<br />
O reflexo denuncia a verdade: a cama amarrotada com espaço para apenas um, a decoração exclusivamente feminina, o tom azul celeste de solidão a soprar baforadas frias de debaixo dos móveis. Isabela quer ser amada. <br />
<br />
Mas, não, uma olhada mais cuidadosa no espelho e percebe-se que o ambiente do quarto não é imputável de culpa pelo desprezo de Isabela por si. Teias sobre teias e pó quase o camuflam, mas ali, ao pé da cama, encontra-se um objeto massudo e pesaroso em forma de baú. A luz se curva em direção a ele, com a gravidade de um buraco negro, atraindo e engolindo toda a saturação do quarto, deixando-o com uma leve sensação de violação em tons pastel e amarelados, uma falta de contraste acidental, uma palidez insossa em Isabela.<br />
<br />
Alguém abrisse o baú, certamente que o ouviria ranger teimoso as dobradiças mal-utilizadas, talvez um breve sufocamento e tosse numa fumaça de antiguidade antes de finalmente poder focalizar-se em seu conteúdo precioso. O que guarda no baú, Isabela? Que segredos lhe aquecem os pés pela manhã, que fantasmas lhe escapam e lhe insonam a noite?<br />
<br />
Isabela mancha os lábios de cor e suspira. Já faz muito tempo desde que tocou no baú empoeirado. Um pequeno pote redondo e negro com as letras M, A e C em maiúsculas no tampo transparente agora lhe pesam entre os dedos da mão direita. Ela abre a tampinha e espalha com fervor o pigmento bronze brilhante sobre as pálpebras.<br />
<br />
Já faz muito tempo, de fato. Mas, é justamente ao redor daquele objeto, ou do que quer que esteja guardado nele, que paira a razão de Isabela não querer se ver no espelho. Ela desvia o olhar de si e o desliza para aquele canto. O mundo todo vai desfocando ao redor, deixando apenas um brilho amarelado e doentio sobre a madeira velha. O mundo começa a pulsar ansioso, erguendo a temperatura da cor até o vermelho-claro. <br />
<br />
Mas, Isabela só pode encará-lo prolongadamente quando não é Isabela. Isabela quer ver no espelho alguém, não como ela, mas interessante, feliz, proprietária de quartos cheios de cores e aromas e emoções deliciosas. Quem ela quer ver no espelho é aquela menina de capa de revista.<br />
<br />
O espelho borra, dobra e se desdobra, à medida que Isabela apaixonadamente se esconde por trás do disfarce de cores, sombras e formas. Nada sobra, nem um centímetro de pele exposta e crua é sua. Isabela sorri, porque não mais se enxerga no espelho.<br />
<br />
Então com passos firmes se afasta, ficando cada vez mais pequenina no reflexo e se agacha diante do baú abandonado. Tantas coisas guardou com carinho ali no passado. O espelho quase se inclina de curiosidade para ver e o mundo se inclina junto. Isabela se segura na perna da cama para não escorregar e se ajusta desajeitadamente à nova posição do quarto.<br />
<br />
O espelho cria uma leve curva convexa para enxergá-la mais de perto, quase com a qualidade de uma lente de aumento, e qual não é sua surpresa, quando Isabela, de repente, mais magra e mais alta, esticada e curva ao centro, finalmente faz ranger as dobradiças do baú. Após a fumaça de antiguidade se dissipar, o próprio ar paralisa-se com o choque de que dentro do baú não há absolutamente nada.<br />
<br />
Isabela primeiro grita, depois suspira. Observa no reflexo turvo de lágrimas no espelho seu rosto contorcido de dor, mas contorce-o novamente com os dedos para criar um falso sorriso. "<i>Why so serious?</i>", ela sussurra com os lábios vermelhos e tronchos.<br />
<br />
Foi alertada há muito tempo sobre o perigo de guardar junto a suas preciosidades as traças de ressentimento. Agora sobrou-lhe a essência do que se tornara. Totalmente vazia. Não amava, não sonhava e não pensava. Só era tinta, só era cor. <br />
<br />
Crescendo novamente em direção ao espelho, sorri dolorosamente e limpa o rastro negro de água, sal e rímel em suas bochechas. Mas, não, não é ela, não é Isabela. É apenas a menina da capa da revista no espelho. E enquanto ela for só isso, tudo bem.<br />
<br />
Mas, que pena, que triste para ela que o espelho toda noite a testemunha desbotar e desmanchar o disfarce, tornando-se novamente a pobre e pálida Isabela.<br />
<br />
As pessoas realmente não deviam deixar espelhos pendurados nos quartos.<br />
<br />
<hr />
<br />
<b style="background-color: #f3f3f3;">Sobre <i>A Menina no Espelho</i></b><br />
<br />
Falar qual a fonte de inspiração para um texto que escrevo sempre é um pouco embaraçoso, especialmente quando essa fonte de inspiração é a Virginia Woolf, já que inevitavelmente o texto original é anos-luz acima desse aqui, tanto em qualidade de entretenimento quanto em genialidade. Tenho a sensação de que dizer que me inspirei na Virginia é como uma criança começando a aprender a desenhar falar que se inspirou em quadros do Monet. Inconcebível.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-o8E72y8_cmw/UCkzseVZT4I/AAAAAAAAA_w/_huGpFXv8rw/s1600/monetinspiracaobw.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="252" src="http://4.bp.blogspot.com/-o8E72y8_cmw/UCkzseVZT4I/AAAAAAAAA_w/_huGpFXv8rw/s400/monetinspiracaobw.png" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Inspirado em quadros do Monet</i></td></tr>
</tbody></table>
<br />
Mas, enfim, por amor à honestidade, o conto <a href="http://www.ufrgs.br/proin/versao_2/virginia/index01.html">A Mulher no Espelho</a> foi o que me inspirou para esse texto. É um dos meus favoritos e recomendo veementemente sua leitura. :)Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-83349053868338485222012-07-31T17:57:00.001+02:002012-07-31T22:55:49.595+02:00O dia em que nos sentiremos velhos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-YsI_njeoV-s/UBf-SKPma5I/AAAAAAAAA5s/eJcpjRYP4y0/s1600/PicMonkey+Collage2.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><br /><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-YsI_njeoV-s/UBf-SKPma5I/AAAAAAAAA5s/eJcpjRYP4y0/s320/PicMonkey+Collage2.png" width="320" /></a></div>
Um ano de vida a dois.<br />
<br />
Após um dia fantástico e romântico, tomamos sorvete e passeamos por uma ponte sobre o rio Meno em Frankfurt, conversando aqueles tipos de coisas bobinhas que casais conversam, quando meu amor me diz:<br />
<br />
– Acho que quando estivermos casados <b>há dez anos</b> nos sentiremos <b>tão velhos</b>...<br />
<br />
– E <b>há vinte</b>, então.<br />
<br />
– <b>Trinta anos</b> de casados e <b>com netos</b>, talvez? Aí nos sentiremos <b>velhos </b>mesmo!<br />
<br />
<b><i>Será?</i></b><br />
<br />
Há poucos anos diziamos que nos sentiríamos velhos quando estivéssemos <b>finalmente casados</b>. Aqui estamos e já faz um ano desde que casamos.<br />
<br />
<i><b>Velhos?</b></i><br />
<br />
Velha eu me sentia mesmo <b>na adolescência</b>, aprisionada naquele lugar sombrio entre o "quem sabe um dia", "poderia ter sido" e "tudo que já passou". A delícia do agora agora é minha, portanto agora só posso ser <b>jovem</b>.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-lyuxbTWEAXM/UBfzlKfHT4I/AAAAAAAAA4s/YbVa98kSFUI/s1600/velhos.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-lyuxbTWEAXM/UBfzlKfHT4I/AAAAAAAAA4s/YbVa98kSFUI/s320/velhos.png" width="238" /></a></div>
E é assim que <b>eu quero ser</b>, durante os tantos anos que desejarem ser nossos: de braços entrelaçados com os seus, cheia de netos adultos e realizados, ainda <b>uma jovenzinha de cabelos brancos</b> e muitas rugas, ainda apaixonada, ainda sonhando, ainda feliz de viver o agora<b> </b>ao seu lado.<br />
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<div style="text-align: justify;">
</div>
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-5e9WUVxgze0/UBgeVGWJ_tI/AAAAAAAAA78/2gXoZyNT-Ts/s1600/quotes2.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="46" src="http://2.bp.blogspot.com/-5e9WUVxgze0/UBgeVGWJ_tI/AAAAAAAAA78/2gXoZyNT-Ts/s200/quotes2.png" width="50" /></a><i>Uma velhice confortável é a recompensa de uma juventude bem aproveitada. Ao invés de nos trazer uma perspectiva melancólica e triste de decadência, deveria nos trazer esperança de juventude eterna em um mundo melhor. </i><span style="text-align: -webkit-auto;">–</span><span style="text-align: -webkit-auto;"> </span><i>Maurice Chevalier</i><br />
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Ou seja, jamais seremos <b>velhos</b>, meu amor. Só seremos <b>quase jovens</b> de novo.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-79980258069585092152012-07-27T20:06:00.000+02:002012-07-31T20:31:29.365+02:00Por que odiamos aquele casal?Sim, você sabe do que estou falando. <i>Aquele </i>casal cujo <i>hobby </i>parece ser querer mostrar para todos o quanto é feliz e bem-sucedido.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-qnhvBLCm2kM/UBLPIHiK6VI/AAAAAAAAA3s/ZLrVs08N1a8/s1600/casalirritante2.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-qnhvBLCm2kM/UBLPIHiK6VI/AAAAAAAAA3s/ZLrVs08N1a8/s320/casalirritante2.png" width="320" /></a></div>
No <b>Facebook</b>, temos a esposa que fica mandando recadinhos fofuxinhos para "<i>o melhor maridinho do universo ever</i>!" ou o cara que fica postando fotos dela com comentários do tipo "<i>te amo, gata</i>!", como se não estivessem na mesma sala e não pudessem falar tudo isso pessoalmente.<br />
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Na <b>vida real</b>, temos os que se dão beijinhos constantemente e falam um com o outro no diminutivo e com voz de bebê. Mesmo quando o outro não está presente, são só elogios e sorrisos. In-su-por-tá-vel.<br />
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Odiamos casais que nos fazem lembrar que são casais. Odiamos casais que parecem ser felizes. Odiamos casais que não parecem ser felizes, mas que insistem em DPA (demonstrações públicas de afeto). Odiamos casais. Mas, por quê?<br />
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Reuni alguns possíveis motivos para esse fenômeno.<br />
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<b>1. Eles só podem estar mentindo</b><br />
Nós sabemos, através das estatísticas, às vezes por experiência e pelos relatos dos nossos parentes, que é impossível um casal estar tão apaixonado! Lemos aquela pesquisa que diz que paixão só dura no máximo dois anos. Isso significa que, obviamente, depois disso, o casal só está meramente se tolerando, não é? Eles fingem que são felizes para aparecer ou para se consolar da triste verdade: se detestam, mas estão presos em um relacionamento mantido só pelo público.<br />
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<b>2. Eles não sabem do que estão falando </b><br />
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-soxI1D5egRU/UBLPGV4z0FI/AAAAAAAAA3k/MZdsBXfKiNk/s1600/casalirritante1.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-soxI1D5egRU/UBLPGV4z0FI/AAAAAAAAA3k/MZdsBXfKiNk/s320/casalirritante1.png" width="232" /></a>
Juras de amor de <b>casais de namorados</b> apaixonados são irritantes porque eles obviamente não sabem nada a respeito um do outro, mesmo quando acham que sabem. As juras de amor são feitas, não a partir de uma decisão consciente e refletida, mas por influência hollywoodiana dramática sobre suas emoções fracas.<br />
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<span style="background-color: white;">Juras de amor de<b> casais casados</b> são irritantes porque eles obviamente são obrigados a fazer isso, agora que se comprometeram legalmente a estar juntos. As juras de amor são feitas, não por uma emoção grande que os motiva, mas pela tentativa de melhorar a nhaca que é seu relacionamento legalmente e permanentemente estabelecido.</span><br />
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<b>3. Eles nos lembram do que nos falta</b><br />
Quando estava solteira, me irritava já um pouco com os nhenhê, uiuiuis dos casaizinhos.<br />
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<a href="http://2.bp.blogspot.com/-fuVjnYs3WK8/UBLRzxtNX6I/AAAAAAAAA34/IS5vkgXYhw0/s1600/casal.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-fuVjnYs3WK8/UBLRzxtNX6I/AAAAAAAAA34/IS5vkgXYhw0/s200/casal.png" width="200" /></a>A pior fase, no entanto, não foi a solteirice, mas o tempo em que o meu namorado estava morando em outro país, sem previsão de volta. Aí eu sentia impulsos genuínos de bater em casaizinhos que se beijavam e abraçavam em público. Girava os olhos impaciente e meu cérebro gritava: "Que falta de respeito desses malditos casais! Eles não sabem que existem pessoas no mundo carentes e sofrendo??? Por que tem que fazer isso???!"<br />
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OK, talvez meu cérebro gritasse com um pouco menos de interrogações. Ou não.<br />
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<b>4. Nós somos pessoas cínicas e amarguradas</b><br />
Eu sei, eu sei, você não é. Estou falando de mim e de outras pessoas.<br />
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Nós, embora aparentemente felizes e otimistas e amantes da vida, quando se trata de relacionamentos românticos, adotamos a atitude que consideramos mais sábia, experiente e inteligente: questionar, ironizar e enxergar tudo com a pior lente possível.<br />
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Isso com o relacionamento <i>dos outros</i>, é claro. De alguma forma, o único relacionamento romântico que consideramos legítimo, especial e verdadeiro é o nosso próprio. Quando solteiros, sonhamos com uma linda história de amor, aquela que não acreditamos ser possível de acontecer com qualquer outra pessoa. Quando estamos em um relacionamento, nos achamos envolvidos em uma trama única, temos lembranças que não trocaríamos por nada. Cada curva, cada esquina, cada aprendizado, cada transformação e até mesmo cada erro torna tudo oh-tão-fantástico. Mas, somente para nós. <span style="background-color: white;"> </span><br />
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Enxergamos segundas intenções por trás de tudo, falsidade em cada palavra, procuramos motivações ocultas para as escolhas de um pelo outro, como se outra motivação fosse necessária além do amor. Não acreditamos nos relacionamentos dos outros porque não acreditamos no ser humano. Só em nós mesmos.<br />
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Adoramos histórias de amor em filmes, porque não temos motivos para duvidar de personagens fictícios. Será que poderíamos dar a mesma dose de confiança para pessoas reais? <br />
<span style="background-color: white;"><br /></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Eml9WGOvS04/UBLSh88a4fI/AAAAAAAAA4Q/fVYENKL2k60/s1600/rossrachel.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Eml9WGOvS04/UBLSh88a4fI/AAAAAAAAA4Q/fVYENKL2k60/s1600/rossrachel.png" /></a></div>
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<b>E você, alguma vez <b>já ficou </b><b>irritado(a) com as demonstrações de afeto de algum casal? Decidiu mudar de atitude a partir de agora? </b></b>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8380995721878357208.post-81902909076680867662012-07-25T19:14:00.000+02:002012-07-25T20:51:46.573+02:00"Admiro sua coragem"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<i>Querida Mona,
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</i><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i><a href="http://2.bp.blogspot.com/-oy5oqkDhzcA/UA757v6S7eI/AAAAAAAAAzY/9U2cwcBjQ0Y/s1600/handwritten-letter.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="149" src="http://2.bp.blogspot.com/-oy5oqkDhzcA/UA757v6S7eI/AAAAAAAAAzY/9U2cwcBjQ0Y/s200/handwritten-letter.png" width="200" /></a></i></div>
<i>
há dois anos, quando eu tinha acabado de chegar no seminário, estava morrendo de medo de como seria ter que falar, escrever e, pior, pregar </i>em alemão<i>. Aí você grudou em mim e saltitou comigo pelo seminário, dando dicas, ajudando e me corrigindo com paciência. Almoçavamos e jantavamos juntas, estudavamos juntas, filosofavamos juntas. E quando você </i>me<i> pediu ajuda com as lições de grego, fiquei tão feliz. Afinal, com isso descobri que eu não era a única que às vezes simplesmente não conseguia acompanhar!<br />
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Desde que a conheci fiquei vendo vez após vez como você simplesmente ia e se aventurava de formas que nunca pensei possíveis para uma garota. A bicicleta a dois é fichinha perto do resto. Você dirigiu aquele carro (o que eu não tenho coragem), foi patinar no gelo (que eu morro de medo), saiu para esquiar (jamais!), andou de camelo (preciso comentar?) e o que você mais gosta de fazer é pular de trampolim e correr. Que doida!<br />
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Uq_hFGRtKcI/UA74oIwp56I/AAAAAAAAAzQ/rEvZ8LdwfoI/s1600/Danke_Notiz.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="158" src="http://3.bp.blogspot.com/-Uq_hFGRtKcI/UA74oIwp56I/AAAAAAAAAzQ/rEvZ8LdwfoI/s200/Danke_Notiz.jpg" width="200" /></a><br />
E o mais marcante disso tudo é que você ainda uma vez me disse: "Admiro tanto você, Noemi, pela sua coragem, pelos obstáculos que você supera. Não deve ser fácil estudar em um idioma estrangeiro, mas você se esforça e enfrenta suas dificuldades e consegue mesmo assim. Parabéns!"<br />
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Moninha, você é um exemplo. Obrigada!</i><br />
<i><br /></i><br />
<i>Com amor,</i><br />
<i>Mima</i><br />
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Mona, uma linda jovem de 20 anos, é minha colega de seminário e é a melhor aluna da classe.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-VBqLFYPx0VE/UBAn35764OI/AAAAAAAAAzw/JAGZTzKQ0u0/s1600/mist+and+shadow.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-VBqLFYPx0VE/UBAn35764OI/AAAAAAAAAzw/JAGZTzKQ0u0/s200/mist+and+shadow.png" width="200" /></a></div>
<u>Detalhe</u>: Mona é <b>cega de nascença</b> e tudo que enxerga, até mesmo em seus sonhos, são sombras.<br />
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Ela diz que uma vantagem dessa condição é que quando lê as histórias na Bíblia, em vez de imaginá-las diante de seus olhos, como um filme, ela as vivencia, como todo o resto da vida.<br />
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Mal posso esperar para ver no céu, a surpresa e a delícia que será para Mona enxergar formas e detalhes pela primeira vez.<br />
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Mas, pensando bem, quem sabe existem outros sentidos adormecidos em todos nós que nem sabemos e só lá experimentaremos. <span style="background-color: white;">Creio que será uma surpresa e uma delícia para todos nós.</span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/12408604206807542106noreply@blogger.com