Mariana está passando por uma fase terrível de nostalgia e pessimismo. Natália, na esperança de animá-la, convence-a a ir junto para um passeio em um parque de diversões. Lá chegando, Mariana senta-se em um banco e recusa-se a participar de qualquer atração.
- Vamos, Mari. Vamos no carrossel! Você vai gostar! Tem cavalinhos e tudo mais!
- Ah, Natália... O carrossel é muito triste.
- Por que triste?
- Porque é como a vida... Você anda, anda e, no fim, não chega a lugar algum. Qual o sentido?
- Hmm ... Então vamos na montanha-russa! Você não pode dizer não para a montanha-russa!
- Ah, a montanha-russa... Já estamos na montanha-russa, Nati. Até nossos 20 e poucos anos de idade, estávamos como na primeira e vagarosa subida, cheias de expectativa e emoção, lentamente caminhando ao topo, ansiando pelo ponto mais alto. Agora estamos na descida final, rápida e inevitável, curta demais para se aproveitar, rápida, tão rápida que tudo se torna um borrão sem sentido, trepidante, irrefletido e sem controle. A felicidade não era o topo, era o caminho até lá e nem sabíamos. Mas é impossível fazer o carrinho dar ré. Estamos a correr inevitavelmente para o final do passeio. Para que se submeter a isso?
- Oh, Mariana. Você só tem 25 anos! Quem ouve, logo pensa que você é uma velhinha em estado terminal.
- Que diferença faz? Que quer mais que eu diga? Que a vida é como uma roda gigante, um ciclo inesgotável de altos e baixos? Ou como o bate-bate, a dar encontrões uns contra os outros e reviravoltas sem direção ou destino? Quer que eu diga que viver é como uma casa do terror? Entramos nessa em busca de uma alta dose de emoção, mas tudo que encontramos são pessoas mascaradas, falsas e sem inspiração? Ou como o Splash, onde nos aventuramos por crer que será refrescante e delicioso e terminamos por nos sentir gelados, trêmulos e decepcionados?
- Mariana, você é terrível!